O empate (pouco) moral do Record

Exmos Srs,

Ao consultar a capa do vosso jornal de hoje, dia 21 de setembro, constatei que consta na referida capa a frase "André André desfez a igualdade que o Benfica trabalhou para merecer". Compreendendo eu que todos temos direito à nossa opinião, não posso deixar de realçar a parte do "merecimento do Benfica".
Na minha opinião, o Benfica lutou efectivamente pelo empate. Aliás, aos cinco minutos de jogo, quando Nico Gaitán demorou um minuto para marcar um pontapé de canto, foi perceptível aquilo a que o Benfica vinha, que era lutar pelo 0-0 de todas as formas possíveis e imaginárias, mais ou menos limpas e mais ou menos, aqui a tender para o mais, dignas de um José Mota. A grande estratégia do Benfica foi queimar tempo de forma descarada e aproveitar, pelo meio, para fazer fitas, com Jonas, mais preocupado em picar e provocar do que em jogar futebol, em grande destaque. Valeu de tudo, horas para marcar um canto, bolas a serem metidas em campo para atrasar lançamentos, Eliseu a tirar a bola das mãos de Maxi, que a ia lançar, ao pontapé, e Jonas a rebolar pelo chão. Se isto foi merecer o empate, o futebol está morto.

As estatísticas da partida também não mentem. O Porto teve quase o dobro dos ataques, o dobro dos remates, o quádruplo dos pontapés de cantos e 65% de posse bola. O Porto foi dominador, sem jogar nada de especial, e foi isso que foi segurando o Benfica no jogo. Porque de resto, o Benfica não foi capaz de criar uma oportunidade de golo de bola corrida, não foi capaz de ter a bola, nada. O Benfica lutou, e muito, pelo empate, mas em parte alguma o mereceu. Quem vem para queimar tempo de forma escandalosa, com o beneplácito da equipa de arbitragem, quem abdica de atacar, quem não se preocupa em jogar futebol e se limita, praticamente a "bola para a frente e fé em Gaitán", não pode merecer o empate. Nunca.
E o que é triste e revoltante é a necessidade do Record de vir inventar mais uma patranha. Compreende-se, é necessário massajar o ego dos adeptos benfiquistas, é necessário dar algum alento para ver se continuam a comprar jornais. Mas também era necessário disfarçar um pouco a azia com o resultado e evitar escrever disparates. O Porto jogou mal, mas, pelo menos, jogou.O Benfica nem isso fez. O que fez foi uma apologia ao josémotismo, elogiada e defendida pelo Record. Mas por mim, força, continuem. Continuem com a propaganda, continuem a viver na ilusão. A vossa linha editorial daria um bom remake do filme Goodbye, Lenine.

Mas no final, isso pouco importa. O que importa é que o treinador e a águia se chamam Vitória, o Benfica veio jogar para o empate e saiu com uma derrota. Já não há Jesus, mas foi justiça divina.

Com os melhores cumprimentos,

João Ferreira

Maxi Pereira e a camisola 2

Maxi Pereira, já é jogador do Porto. E isto deixa-me triste, muito triste

E deixa-me triste, não por Maxi ser mau jogador, que não é, mas pela sua atitude em campo. Eu até simpatizo com atletas raçudos, que deixam tudo o que têm e o que não têm em campo. O que eu não gosto é de porcos. Odeio jogadores caceteiros, que batem indiscriminadamente, que agridem, que provocam intencionalmente. Foi Maxi que se mandou em voo ao joelho de João Moutinho e levou Vítor Pereira ao desespero.

E também fico ainda mais triste porque vejo que o meu clube está muito diferente, para pior. Há uns anos atrás se um jogador de Benfica viesse dizer que o Porto ganhava à custa dos árbitros, levava uma resposta dentro de campo que até via estrelas. Já ninguém se lembra dos 5-0 ao Benfica, depois de semanas de acusações, choro e insultos vindos da Segunda Circular? Hoje, não, hoje quem profere declarações desse estilo é contratado e ainda é apelidado de jogador à Porto pelo presidente Pinto da Costa, numas tristes declarações que visam apenas serenar os ânimos, e que ainda diz que Maxi é digno de usar a camisola "2", a mítica camisola "2", a camisola do João Pinto, o eterno capitão que subiu a bancada do Jamor debaixo de uma chuva de pedras, a camisola do nosso "Bicho", Jorge Costa. Mas o que é isto? Agora metemos dentro de nossa casa, em ombros, que nos maltrata, quem nos insulta, quem nos humilha, quem nos agride? Onde está a nossa dignidade, o nosso amor próprio? Como poderemos manter a nossa coluna vertebral direita depois disto? Como é que se pode falar em mística, ao fazer uma barbaridade destas?

Mas, já que parece que vale tudo, eu propunha que Simão Sabrosa fosse o substituto de Quaresma e Carlos Martins para o lugar de Oliver, que tinha a vantagem de ser uma bicada no Benfica e no Benfica B. E já agora, porque não contratar João Gabriel para o lugar de Rui Cerqueira? Ninguém duvida que o homem dá tudo por quem lhe paga o salário... perdão, pelo seu clube. Ou dar um Dragão de Ouro a Rui Gomes da Silva. Ou, no dia em Pinto da Costa resolva sair do Porto, su
bstitui-lo por, sei lá. Bruno de Carvalho.

Mas, agora, que já não há nada a fazer, toca a apoiar. No final, o que interessa é que o Porto ganhe. Mas ver aquele energúmeno com aquele lindíssimo símbolo ao peito custa imenso.

Carta aberta a Julen Lopetegui


Caro Julen,

Espero que esteja tudo bem contigo. Não me conheces de lado nenhum, é normal, mas eu tenho um problema contigo, que é o seguinte: eu sou doente pelo Porto, pela equipa que tu treinas e, portanto, a minha vida acaba sempre por ser influenciada pelas tuas decisões. Quando tu metes água, como quando rodaste meia equipa contra o Sporting para a Taça, eu fico doente e quando tu consegues dar aquele banho de bola que deste no Dragão ao Bayern, eu não ando, levito e fico feliz, de ego cheio. Percebes?

Vem isto a propósito dos desenvolvimentos dos últimos dias. Sim, eu sei que a época passada as coisas não foram famosas. Mas eu simpatizo contigo, Julen. És um bom homem e tens um valente par de cojones, e, acima de tudo, não me esqueço como defendeste, a todo o custo e com sacrifício pessoal, o meu clube, enquanto os engravatados que te contrataram assobiavam para o lado. E, agora, tiveste uma sorte de todo o tamanho. Mereceste-a, é certo, mas, por favor, não a deixes escapar. O Jorge Jesus abriu-te as portas do próximo campeonato. Estão escancaradas. Repara, o homem traiu o Benfica. E ao trair o Benfica, traiu os benfiquistas. E ao trair os benfiquistas, traiu ABola, o Record, o Correio da Manhã, a TVI, a SIC, a Associação de Futebol de Lisboa, a Federação Portuguesa de Futebol e o João Capela. O homem nunca mais vai ser bajulado pelo comunicação social. E um bronco daqueles, sem os jornalistas a endeusá-lo, enterra-se sozinho. No Sporting, não vai haver colinho. No Sporting, quando ele agredir um polícia, o Nuno Lobo não vai inventar uma agressão de um dirigente do Porto para disfarçar. No Sporting, quando ele desatar a correr pela linha lateral para ir à bandeirola de canto insultar o bandeirinha, é expulso. E ele lida mal com a pressão, que vai ser imensa. Tu ainda andavas a treinar putos em Espanha e o homem tremia todo contra um Porto onde o Liedson era o avançado suplente. Não foi dificil ajoelhá-lo, Julen. E depois, nota, apesar de todo o colinho, dificilmente alguém faria melhor do que ele com o plantel do Benfica, que a cada ano que passa mais parece a sala comum do Lar do Comércio, pelo menos a nível nacional. Sim, Julen, o tipo até é bom treinador, no meio de tanto espalhafato. Mas foi meter-se na toca do lobo. Estás a vê-lo a ter uma boa relação com enfatuado presidente do Sporting? O mesmo que se arroga a dar instruções aos jogadores como fez na final da Taça, passando por cima do treinador? Vai ser divertido, Julen.

Mas, como eu já te disse, tiveste imensa sorte, Julen. Acabaram de facilitar a vida. Agora depende de ti. Eu confio em ti. Tens todo o meu apoio. Não deixes ficar mal.

Um abraço.

Lopetegui, sim ou não?

Desde a desgraça de Munique e o empate na Luz, que o treinador do Futebol Clube do Porto, Julen Lopetegui anda nas bocas do Mundo. Por um lado, há portistas a defender a sua continuidade. Por outro, há outros portistas a defender a sua saída. A comunicação social lisboeta parece empenhada em vê-lo pelas costas, bem como um número considerável de adeptos do Benfica, o que não deixa de ser estranho, tendo em conta que o Porto de Lopetegui caminha a passos largos para ficar sem ganhar um único titulo.

Eu, aqui no Mística do Dragão, resolvi fazer um resumo de alguns factos e de algumas opiniões pessoais que se traduzem numa vontade de ver Lopetegui aos comandos da equipa na temporada 2015/2016.

É evidente que Lopetegui cometeu erros. Estou convicto que o treinador portista tinha pouca experiência de treinar um grande clube. O impacto mediático de treinar a equipa B do Real Madrid ou os sub-21 espanhóis não tem nada a ver com fazê-lo no Porto. Paulo Fonseca, passou pelo mesmo. Vítor Pereira, mesmo conhecendo os cantos à casa, idem. E, para além de ter pouca experiência, parece-me que não estava minimamente preparado para a função. Não conhecia o clube, não conhecia o campeonato, não conhecia os adversários, desvalorizando-os. Só assim se explica que tenha rodado meia equipa numa eliminatória da Taça contra um rival, por exemplo. Estou convicto que Lopetegui achou que a qualidade individual dos jogadores que tinha à disposição (nunca, em Portugal, houve tantos jogadores "famosos" num mesmo plantel) seria suficiente para limpar as provas internas com toda a tranquilidade. E estes erros custaram-nos a Taça de Portugal e alguns pontinhos preciosos no campeonato.

No entanto, Lopetegui aprendeu. Acabou com a vertiginosa rotação do plantel, definiu um onze base e a equipa melhorou drasticamente. Mesmo errando, e toda a gente erra, fez um campeonato mais do que suficiente para o conquistar, não houvesse factores externos a segurar o Benfica, por pinças, no primeiro lugar. E a equipa melhorou. Chegámos aos quartos-de-final da Champions League, pela segunda vez desde 2004, ano em que a conquistámos, lutámos pelo campeonato até ao fim, mesmo com a pressão de estar atrás e de ter de recuperar terreno.

Tardou, mas Lopetegui percebeu como funciona o futebol nacional
Mais, Lopetegui defendeu com unhas e dentes o Futebol Clube do Porto. Os dirigentes na SAD permitiram que Lopetegui fosse gozado, insultado e ridicularizado. Deixaram que o seu nome fosse propositadamente trocado pelo treinador rival, permitiram que fosse vítima de xenofobia por parte do director de comunicação do Benfica, largaram-no num mar infestado de tubarões, sem lhe atirarem uma bóia de salvação, enquanto Lopetegui denunciava a farsa deste campeonato. E Lopetegui aguentou-se. Lopetegui mostrou ter um valente para de cojones. Lopetegui nunca deixou de se manifestar. Respondeu, atacou, denunciou, sempre de cabeça bem erguida. Mesmo quando o clube tem nos seus quadros um ex-jornalista do JN, um ex-jornalista da RTP e um ex-director d'OJogo e do JN e mesmo assim é incapaz de prevenir que atletas seus digam barbaridades como André Silva disse, e cito, "Não falo em mantos protetores. Acredito que isto ainda não acabou, tenho esperança que o FC Porto ainda possa ganhar, mas quem fica em primeiro é sinal que foi melhor.", Lopetegui não desiste de ser o melhor defensor do clube.  Lopetegui já percebeu, um pouco tarde de mais, é certo, o que é o Futebol Clube do Porto. Lopetegui é Porto e sente o Porto.

E este sentimento é, com a percepção do que é o futebol português e as capacidades técnicas de Lopetegui (nenhuma equipa mal preparada ganha como o Porto ganhou ao Bayern no Dragão com um treinador incompetente), um dos pilares basilares para que Lopetegui possa vir a ter muito sucesso no Dragão.

Casemiro e o efeito Chicharito Hernandez

Recentemente, vieram a público notícias de um suposto interesse do Real Madrid em manter Javier Hernandez no plantel para a temporada 2015/2016.

Não dispondo o Mística do Dragão qualquer tipo de informação privilegiada e, como tal, não indo anunciar nenhum reforço para o Futebol Clube do Porto, importa analisar os impactos que este interesse, a ser real, pode vir a ter na constituição do plantel portista para a próxima temporada.

Actualmente, o Real Madrid, e porque o costa-riquenho Navas e o brasileiro Marcelo já têm dupla nacionalidade espanhola, conta com três extra-comunitários no seu plantel, o mexicano Javier Hernandez, o "nosso" James Rodriguez e o jovem brasileiro Lucas Silva. E qual a importância disto? É importante porque as regras da Liga Espanhola apenas permitem 3 jogadores de fora do espaço comunitário nos convocados. Ora, actualmente, o Real Madrid tem as três vagas ocupadas e, para o ano, há mais dois candidatos a esses três lugares: Danilo e Casemiro. Se, no caso de Danilo a situação é pacífica, uma vez que deverá ocupar a vaga libertada por Lucas Silva, jogador jovem e sem espaço no plantel madrileno e que, de acordo com a comunicação social, deverá ser emprestado, a expectativa era que Casemiro ocupasse a vaga de Chicharito. Se o mexicano permanecer, Casemiro fica sem lugar no plantel, ou, em alternativa, só poderá ser convocado e jogar nas provas europeias, ou quando James, Danilo ou Hernandez não forer opções.

Assim sendo, as possibilidades de Casemiro poder ficar no Porto, ou ir jogar para qualquer outro lado que não o Real Madrid aumentam drasticamente se Javier Hernandez permanecer no clube merengue. Uma situação a acompanhar.