Relatório de Empréstimos - 08/01/16


Golos e Assistências: Ivo Rodrigues inaugurou o marcador frente ao Amarante na Taça de Portugal, marcou também na goleada para a 1ª Liga frente ao Marítimo e ainda ganhou o penalty que deu a vitória na última jornada frente ao Estoril. Otávio marcou o seu segundo golo na Liga, que valeu a vitória do V.Guimarães frente ao Estoril. Hernâni, apesar de se falar em estar de saída, jogou a titular na Taça da Grécia e marcou o golo do empate que iniciou a reviravolta e goleada do Olympiakos. Kayembe marcou na Taça da Liga na vitória no terreno do Leixões, ele que terá agora mais oportunidades, com a saída de Zegelaar para o Sporting. David Bruno fez uma assistência na vitória frente ao Penafiel, tendo sido substituido por lesão aos 30 minutos de jogo.

Destaques: Andrés Fernandéz foi o melhor em campo na vitória do Granada frente ao Sevilla, tendo assinado uma grande exibição, valendo-lhe a primeira distinção do género da época. Ivo Rodrigues, em grande forma, arrecadou duas distinções de melhor em campo, uma frente ao Amarante para a Taça de Portugal e outra frente ao Estoril para a 1ª Liga. Otávio está em crescendo de forma e tem sido o motor do V.Guimarães, o que lhe valeu também duas distinções de melhor em campo: uma frente ao Estoril e outra frente ao Moreirense, que até tem levado a especulações do seu regresso à equipa do FC Porto.

Outras Ocorrências: Ricardo Pereira continua lesionado desde o início de Dezembro, não somando qualquer jogo desde então. Ricardo Nunes, habitualmente titular no V.Setúbal, lesionou-se no final de Dezembro, falhando dois jogos. Quintero regressou de lesão, para ver a sua equipa eliminar o Nice da Taça de França. Adrián Lopez e Mikel Agu continuam lesionados.


Golo de Otávio:
Golo de Ivo Rodrigues:

Golo de Hernâni (2:02):

Golo de Kayembe (0:14):

Assistência de David Bruno (0:03):

Um milhão, trezentas e oitenta e uma mil razões para a SAD dar a cara

Ontem, num outro post, repliquei aqui no Mística, uma história narrada por Bernardino Barros no Porto Canal. De acordo com BB, num momento de enorme constestação ao treinador Fernando Santos, Pinto da Costa saiu lado a lado com o "Engenheiro do Penta", aparecendo, dando a cara, responsabilizando-se pela sua decisão de o manter em funções. Referi também que sinto saudades dos tempos em que os nossos dirigentes não se escondiam, e que era importante que aparecessem em público numa demonstração de uma liderança firme.

Infelizmente, parecia que estava a adivinhar. Ontem, depois de mais uma paupérrima exibição, dirigi-me à saída do parque de estacionamento P1 do Estádio do Dragão. Estava às moscas - o que terá mudado desde a madrugada do último domingo? Mas mantive-me ali, na esperança de me poder insurgir contra os maus resultados da equipa. Repito, o P1 estava às moscas, éramos 20 ou 30 adeptos e havia 2 ou 3 polícias para cada adepto. Uma boa parte desses agentes da autoridade encontrava-se descontraidamente encostada ao muro do estádio, outros estavam ocupados em inspeccionar os passageiros de um autocarro de adeptos do Porto. O ambiente estava calmo, os jogadores foram saindo, debaixo de uns muito tímidos "joguem à bola" e "tenham vergonha". Tudo pacífico. Saíram, jogadores, dirigentes e funcionários do clube e da SAD. Ninguém precisou de acelerar, de buzinar, nada. Todos menos o líder, o presidente do clube e presidente do conselho de administração da SAD. Foi o único que saiu a abrir, foi o único que desrespeitou regras de trânsito, ultrapassando numa passadeira, pela direita, um carro parada nessa mesma passadeira. Só a seguir saiu o treinador, o último a abandonar o estádio, sozinho.

Apoio? Nenhum. Responsabilização? Nenhuma. Liderança? Onde ela já vai. Ordenados principescos? Com toda a certeza. Na época 2014/2015, os administradores da SAD receberam de ordenado 1.381.000 euros. Este valor só inclui remunerações. Despesas de representação, carros, telemóveis ou combustíveis não contam. E não incluem o Director-Geral da SAD, Antero Henriques, porque este nao é administrador. Eu defendo que os colaboradores do Porto sejam bem remunerados. O Porto é um clube de excelência e, sendo um clube de excelência, tem de ter colaboradores de excelência. E para os ter e os segurar, tem de lhes pagar bem. Pacífico. Mas isso traz responsabilidades. E uma administração paga a peso de ouro não pode errar tanto, não se pode esconder tanto, não pode continuar a aparecer apenas para festejar e sacudir culpas do capote.

É que, no fundo, a culpa já não é só de Lopetegui, que é incompetente. A culpa é, principalmente, de quem o mantem lá, abandonado à sua sorte. Esses sim, são os verdadeiros culpados.

SAD escondida com o rabo de fora

Na passada segunda-feira, no Porto Canal, no programa 45 Minutos à Porto, o comentador Bernardino Barros, a propósito da contestação ao treinador Julen Lopetegui, contou uma curiosa história do passado. Estávamos no início de 1999, por alturas do carnaval. O treinador, Fernando Santos, era contestado após ter feito fraca figura na fase de grupos da Liga dos Campeões, sendo
eliminado. O Porto estava longe de encantar e, numa eliminatória da Taça, calhou em sorte (ou em azar), um jogo em casa frente ao Torreense, da extinta Segunda Divisão B, depois de na eliminatória anterior termos necessitado de prolongamento para derrotar o Famalicão, do mesmo escalão. Surpresa das surpresas, o Torreense ganha nas Antas por 1-0, arruma connosco da Taça, e os portistas indignam-se, protestam e pedem a demissão do treinador.

Conta Bernardino Barros que, após o jogo, e junto ao estádio, se acotovelavam imensos portistas revoltados a protestar. Ao invés de lhes dar ouvidos, Pinto da Costa segurou o treinador, que acabou por ser campeão, ficando conhecido como Engenheiro do Penta. BB, usou esta história para defender a continuidade de Julen Lopetegui, opinião comum aos demais comentadores do Porto Canal, como Cândido Costa ou José Fernando Rio.

No entanto, BB revelou um pormenor muito interessante e elucidativo sobre as mudanças no Porto dessa época, para agora. Na altura, Fernando Santos não fugiu por nenhum túnel, os adeptos não foram mantidos à distância, enquanto se manifestavam, nenhum adepto entrou nas instalações do clube para falar com os responsáveis. Não, Fernando Santos saiu pela porta do costume, fez o caminho do costume, com uma diferença, teve Jorge Nuno Pinto da Costa ao seu lado. Pinto da Costa deu uma inequívoca prova de apoio ao treinador, deu a cara por ele, assumiu a responsabilidade por uma decisão. Naquela altura, os nossos dirigentes eram corajosos, davam a cara nos maus momentos e não abandonavam a equipa e o treinador.

Já hoje em dia, assiste-se ao inverso. Os principais dirigentes escondem-se. Pinto da Costa só tem falado após vitórias. Antero Henriques anda calado há uma série de anos, ele que é o CEO da SAD. Adelino Caldeira e Reinaldo Teles, idem. E Fernando Gomes só fala nas apresentações de contas.
Hoje, Lopetegui, e não só ele, como os antecessores Vítor Pereira e Jesualdo Ferreira são atirados às feras. Aguentaram os ataques dos rivais sozinhos, (aqui André Villas-Boas também está incluído), deram o corpo às balas atiradas pela pouco independente comunicação social lisboeta, defenderam os jogadores como puderam. Os dirigentes passaram a aparecer praticamente na altura de abrir o champagne para festejar.

O Porto mudou. Aburguesou-se. Perdeu-se grande parte do espírito guerreiro, da alma do Porto, de fazer das fraquezas forças, de meter medo e de não temer ninguém, de querer sempre ganhar. E se isso se verifica nas bancadas, com os energúmenos do assobio que querem ópera todos os dias, o exemplo vem de cima, de quem manda. E isso também tem de mudar. Se Lopetegui é o treinador que a SAD quer, a SAD tem que o mostrar. Tem de mostrar que está ao lado dele. Neste caso, o silêncio não é a melhor resposta, ao contrário do que dizia uma célebre tarja dos Super Dragões. Este silêncio é ensurdecedor.

Noutro âmbito, hoje há jogo. Caros assobiadores profissionais, recomendo-vos o consumo exagerador de pipocas e outros alimentos. Enquanto estão de boca cheia, não conseguem assobiar.

Outra carta aberta aos administradores da SAD e dirigentes do Futebol Clube do Porto

Exmos. Senhores Administradores da SAD do Futebol Clube do Porto e Dirigentes do Futebol Clube do Porto,

Há mais de ano e meio enviei-vos, via e-mail, uma carta alertando-vos do que ia mal no meu clube, o Futebol Clube do Porto. Fi-lo como sócio e adepto do Porto, e cito "porque são os srs. que comandam os destinos do clube que eu amo e, por maioria de razão, os derradeiros responsáveis por tudo, de bom ou de mau, que acontece no clube."

Hoje escrevo-vos de novo. Não espero resposta, tal como não esperava da outra vez, resposta essa que nunca veio. Escrevo-vos porque a minha consciência assim o obriga e, porque, lá bem no fundo, porque ainda tenho a esperança que os senhores ainda tenham um pingo de vergonha na cara e algum amor ao clube, embora acredite cada vez menos nisso. E escrevo-vos porque constato que, tanto tempo decorrido após a minha primeira missiva, os senhores não mudaram absolutamente nada.

Perturba-me que a gestão seja feita, não em função dos interesses do Porto, mas sim em função de interesses de terceiros. Incomoda-me o despesismo, as contratações milionárias sem rendimento desportivo absolutamente nenhum, as comissões pronográficas. Indignam-me os abutres que com o vosso beneplácito se alimentam do Porto para encherem os bolsos, sejam eles o filho do Presidente, a Doyen, ou o ex-cunhado do CEO.

Indigna-me o entreposto de jogadores em que o clube se tornou, onde a mística do Porto foi vendida a troco de umas comissões e de atletas que chegam cá a pensar como é que se podem ir embora o mais depressa possível.

Enoja-me a falta de pluralismo e de liberdade de expressão que se vive no clube. Revolta-me haver assalariados da SAD a insultar e ameaçar livremente adeptos que ousem tecer uma crítica nas redes sociais, incomoda-me ver adeptos comprados com bilhetes que depois são vendidos nas vossas barbas, à porta do estádio e do pavilhão e revolta-me assistir, numa Assembleia-Geral, a um sócio sobejamente conhecido insultar um outro sócio que usou da palavra sem uma chamada de atenção ou uma palavra de repúdio da parte dos inúmeros dirigentes que se encontravam presentes.

Incomoda-me a péssima gestão desportiva das última épocas. As dúzias de contratações falhadas, os atletas sem qualidade, os ordenados principescos sem retorno desportivos, os tiros no pé que têm sido os últimos treinadores. Incomoda-me que se gastem centenas de milhões de euros todos os anos sem retorno desportivos. Revolta-me que os senhores estejam, alegremente, a esvaziar a Instituição Futebol Clube do Porto de recursos humanos e financeiros.

Mas, acima de tudo, incomoda-me que estejam a matar o meu Futebol Clube do Porto. O meu Porto era o Porto que, perdendo ou ganhando, deixava a pele em campo. O Porto do Aloísio, o Jorge Costa, do Domingos, do Paulinho Santos ou do Lucho Gonzalez. O meu Porto era o Porto que os jogadores do Porto sabiam o que era jogar no Porto. O meu Porto era um clube lutador, inconformado, cheio de garra. O meu Porto era o Porto onde nos maus momentos, os dirigentes apareciam a dar a cara e não fugiam como ratos. O meu Porto era o Porto onde, após um mau resultado, havia ainda mais vontade para dar a volta por cima. Citando Mourinho, alguém tinha de pagar a factura. O meu Porto não era o Porto das SPDE, dos negócios em Angola e do Rentistas.

Mas não. Os senhores transformaram o meu Porto num clube elitista, aburguesado, distante dos adeptos - seis meses depois de renumeração dos sócios, ainda há quem tenha problemas na entrada no estádio, que pensa primeiro em como dar dinheiro a ganhar aos comissionistas e depois em ganhar títulos e ditatorial. Os senhores venderam a mística do Porto. Os senhores escondem-se nos maus momentos, não dão a cara quando é necessário. O CEO da SAD não fala em público há quantos anos, por exemplo?

O Porto pode não jogar nada, pode ter um treinador absolutamente miserável que nem os adversários estuda, pode ter muitos problemas. Mas o treinador só lá está porque vocês querem, os derradeiros responsáveis são vocês mesmos, e mais ninguém. Ganhem vergonha, que o passado não ganha títulos e respeitem os adeptos.

Com os melhores cumprimentos,

João Ferreira