O prejuízo da (falta de) vergonha
A SAD do Futebol Clube do Porto apresentou hoje as contas da época 2015/16. Estas destacam-se por um prejuízo nunca antes visto de 58 milhões. E por prejuízo nunca antes visto, falo de algo que nunca ocorreu no futebol português. Sim, nem Godinho Lopes conseguiu fazer tão mal e mesmo assim foi escorraçado do lugar que ocupava.
E quando o Porto apresenta umas contas piores que as da direcção de Godinho Lopes, só podemos estar a falar de insanidade, irresponsabilidade, inconsciência. E isto para não apelidar esta gestão de danosa.
Vamos a factos, um prejuízo de 58 milhões é mau. Um prejuízo de 58 numa sociedade que, decorrente da sua actividade normal apenas teve rendimentos de 76 milhões, é péssimo. Significa que a actividade normal do clube é extremamente deficitária e, nem sequer chega para cobrir os custos da sua actividade normal, de cerca de 124 milhões de euros. E ainda faltam aqui juros, impostos, etc. Em qualquer sociedade normal, este números seriam suficientes para a empresa entrar em bancarrota e para haver demissões dos responsáveis. No Futebol Clube do Porto, assobia-se para o lado e diz-se que o prejuízo foi calculado. Agora, tentem ler isto sem se rirem: "a SAD do Porto apresentou um prejuízo maior do que aqueles apresentados pelo Sporting de Godinho Lopes e ainda diz que o fez de propósito". Impossível, não é?

Mas todos nós sabíamos da extraordinária dependência das mais-valias. Todos sabíamos do fair-play financeiro, que não foi cumprido. Os administradores da SAD, têm a obrigação de o saber melhor que nós. Sabendo disto, a SAD optou por investir 75 milhões de euros em passes de atletas (comissões incluídas). Das duas uma, ou os administradores são burros, ou fazem de propósito. Impossível é justificar isto.
Mas há mais, os salários continuam a aumentar. Os gastos com o pessoal ascenderam a 75 milhões de euros. Isto significa que cada ponto conquistado no campeonato custou mais de um milhão de euros. Fabuloso. Depois, somos surpreendidos com negócios com o São Paulo. Se já sabíamos que havíamos vendido Maicon, ficamos a saber que o negócio se fez por 12 milhões de euros. Também sabíamos que, no negócio, havia sido incluído Inácio, um jovem defesa esquerdo, que, segundo o relatório & contas custou 3 milhões por 50% do passe. Se não efetuámos mais nenhum negócio com o São Paulo e na época anterior não devíamos um tostão ao clube brasileiro, como é que devemos 6 milhões?
Enfim, João Pinto disse um dia que "estava à beira do precipício e tomou a decisão correta, dando um passo em frente". Já os administradores da SAD, talvez inspirados pelo regresso do Dragon Ball, estavam à beira do precipício e resolveram saltar, talvez esperando que aparecesse a nuvem mágica. Não apareceu, mas eles acham que sim. Brevemente deve haver uma Assembleia-Geral para votar as contas e o orçamento do clube. Está na altura dos sócios se fazerem ouvir.
E quando o Porto apresenta umas contas piores que as da direcção de Godinho Lopes, só podemos estar a falar de insanidade, irresponsabilidade, inconsciência. E isto para não apelidar esta gestão de danosa.
Vamos a factos, um prejuízo de 58 milhões é mau. Um prejuízo de 58 numa sociedade que, decorrente da sua actividade normal apenas teve rendimentos de 76 milhões, é péssimo. Significa que a actividade normal do clube é extremamente deficitária e, nem sequer chega para cobrir os custos da sua actividade normal, de cerca de 124 milhões de euros. E ainda faltam aqui juros, impostos, etc. Em qualquer sociedade normal, este números seriam suficientes para a empresa entrar em bancarrota e para haver demissões dos responsáveis. No Futebol Clube do Porto, assobia-se para o lado e diz-se que o prejuízo foi calculado. Agora, tentem ler isto sem se rirem: "a SAD do Porto apresentou um prejuízo maior do que aqueles apresentados pelo Sporting de Godinho Lopes e ainda diz que o fez de propósito". Impossível, não é?

Mas todos nós sabíamos da extraordinária dependência das mais-valias. Todos sabíamos do fair-play financeiro, que não foi cumprido. Os administradores da SAD, têm a obrigação de o saber melhor que nós. Sabendo disto, a SAD optou por investir 75 milhões de euros em passes de atletas (comissões incluídas). Das duas uma, ou os administradores são burros, ou fazem de propósito. Impossível é justificar isto.
Mas há mais, os salários continuam a aumentar. Os gastos com o pessoal ascenderam a 75 milhões de euros. Isto significa que cada ponto conquistado no campeonato custou mais de um milhão de euros. Fabuloso. Depois, somos surpreendidos com negócios com o São Paulo. Se já sabíamos que havíamos vendido Maicon, ficamos a saber que o negócio se fez por 12 milhões de euros. Também sabíamos que, no negócio, havia sido incluído Inácio, um jovem defesa esquerdo, que, segundo o relatório & contas custou 3 milhões por 50% do passe. Se não efetuámos mais nenhum negócio com o São Paulo e na época anterior não devíamos um tostão ao clube brasileiro, como é que devemos 6 milhões?
Enfim, João Pinto disse um dia que "estava à beira do precipício e tomou a decisão correta, dando um passo em frente". Já os administradores da SAD, talvez inspirados pelo regresso do Dragon Ball, estavam à beira do precipício e resolveram saltar, talvez esperando que aparecesse a nuvem mágica. Não apareceu, mas eles acham que sim. Brevemente deve haver uma Assembleia-Geral para votar as contas e o orçamento do clube. Está na altura dos sócios se fazerem ouvir.
Tic Tac, Tic Tac, o ano está a acabar
Dentro de pouco mais de 24 horas termina oficialmente a época desportiva 2015/16. Isto significa que falta muito pouco tempo para que as contas da temporada também fechem. E o Porto, que tinha um orçamento para cumprir, ainda tem muito que fazer até o conseguir. Até lá, será necessário fazer muitos milhões em mais-valias resultantes da venda de jogadores. O número, ao certo, ninguém fora da SAD sabe, mas serão pelo menos 40, 50 ou 60 milhões. Muito dinheiro.
Se o Porto não vender até amanhã, apresentará mais um prejuízo de dimensões tristemente épicas. As consequências é que serão catastróficas. Com um prejuízo superior a 8 milhões, o Porto não cumprirá o fair-play financeiro e, não o cumprindo, ficará sobre a alçada da UEFA. A punição, algo imprevisível, poderá ir de uma redução do número de jogadores a ser inscritos nas provas europeias até à total suspensão de participação nestas, tal como aconteceu com o Galatasaray.
Amanhã deverá ser, infelizmente, um dia muito animado para os lados do Dragão, a fazer lembrar o último dia do mercado de transferências. Para fazer as dezenas de milhões de mais-valias necessárias, e dado que poucos são os atletas cujo passe nos pertence na totalidade, serão necessárias três ou quatro vendas, a não ser que alguém ofereça 50 milhões por um jovem da nossa formação. Teremos mais um plantel desmantelado. Esperemos que seja o último, ou Pinto da Costa terá mentido na última entrevista que deu.
Independentemente do que suceda amanhã, uma coisa é absolutamente certa. Só chegamos a este ponto devido à gestão financeira ruinosa dos últimos anos, área onde tem grassado a incompetência, o desvario e o clientelismo. Fernando Gomes deveria preocupar-se mais em gerir as finanças da SAD e menos em tratar das finanças de familiares de dirigentes. Ficávamos todos a ganhar. Todos menos os benfiquistas, os sportinguistas e os familiares dos dirigentes.
Se o Porto não vender até amanhã, apresentará mais um prejuízo de dimensões tristemente épicas. As consequências é que serão catastróficas. Com um prejuízo superior a 8 milhões, o Porto não cumprirá o fair-play financeiro e, não o cumprindo, ficará sobre a alçada da UEFA. A punição, algo imprevisível, poderá ir de uma redução do número de jogadores a ser inscritos nas provas europeias até à total suspensão de participação nestas, tal como aconteceu com o Galatasaray.

Independentemente do que suceda amanhã, uma coisa é absolutamente certa. Só chegamos a este ponto devido à gestão financeira ruinosa dos últimos anos, área onde tem grassado a incompetência, o desvario e o clientelismo. Fernando Gomes deveria preocupar-se mais em gerir as finanças da SAD e menos em tratar das finanças de familiares de dirigentes. Ficávamos todos a ganhar. Todos menos os benfiquistas, os sportinguistas e os familiares dos dirigentes.
O logro das contas do Benfica e da BenficaTV
O Benfica apresentou o seu Relatório & Contas da temporada de 2013/2014, onde consta um lucro de de 14,2 milhões de euros. Imediatamente, Luís Filipe Vieira apareceu a dar a cara, gabando-se da grande gestão do Benfica, das espectaculares receitas da BenficaTV, que o Benfica está no bom caminho, etc. No fundo, foi mais um show da bem montada máquina de propaganda vermelha. Imediatamente, a Comunicação Social, limitou-se a fazer eco de todo este paleio, mostrando, mais uma vez, uma tremenda incapacidade para analisar contas de forma crítica. Imediatamente teceram-se comparações com as contas do Porto, que apresentou prejuízos superiores a 40 milhões de euros, tentando demonstrar com isso, a pujança do Benfica.
Mas, o que será que difere entre as contas de Porto e Benfica? Como é visível nas imagens abaixo, a grande diferença entre as contas dos dois clubes foram as mais-valias com passes de jogadores, uma rubrica onde o Benfica conseguiu mais quase 50 milhões de euros do que o Futebol Clube do Porto.
Mas, o que será que difere entre as contas de Porto e Benfica? Como é visível nas imagens abaixo, a grande diferença entre as contas dos dois clubes foram as mais-valias com passes de jogadores, uma rubrica onde o Benfica conseguiu mais quase 50 milhões de euros do que o Futebol Clube do Porto.
E o que é que isto implica? Implica que, em primeiro lugar, as contas de ambas as sociedades são miseráveis e deveriam envergonhar quem as apresenta. Depender tanto de mais-valias, (sem elas, o s prejuízos de ambos ascenderiam a, pelo menos, 60 milhões de euros), uma receita absolutamente extraordinária é um acto de gestão arriscadíssimo e que deveria trazer consequências aos seus responsáveis. Em segundo lugar, implica que, descontadas estas mais-valias, o resultado do Benfica seria apenas ligeiramente superior ao do Porto. Ou seja, num ano em que, desportivamente o Porto falhou em toda a linha e o Benfica esteve na luta por inúmeras provas, tendo conquistado a maioria, com as implicações que isso tem a nível de receitas bilheteira e de prémios de participação, o clube dos seis milhões teria resultados muito semelhantes aos do Porto, se não tivesse vendido os anéis e alguns dedos (Matic, Rodrigo, Garay, André Gomes etc.). Portanto, ainda que as contas do Porto sejam péssimas, teria sido de bom tom referir que o resultado do Benfica é totalmente invulgar e, quase irrepetível, uma vez que registou mais-valias de 75 milhões de euros. Mais, se analisarmos o plantel do Benfica, onde, no curto prazo apenas Enzo Perez, Gaitan e Salvio parecem ser capazes de significar vendas milionárias a curto-prazo, percebemos que, mais ano, menos ano, o Benfica vai voltar aos prejuízos.
Explicado o primeiro logro, vamos ao segundo, o da BenficaTV. Mal saíram as conta do Benfica, Luís Filipe Vieira foi a correr dar uma entrevista ao canal do clube, anunciando receitas de 28 milhões de euros com a BenficaTV, anunciando o grande sucesso do canal. O que Vieira se esqueceu de referir foram os 11 milhões de euros de custos associados ao mesmo canal, o que significa um lucro de apenas, 17 milhões. Muito, muito longe dos 22 que a Olivedesportos oferecia e ainda mais longe dos míticos 40 milhões que o Benfica apregoava como sendo o valor de mercado dos seus direitos de transmissão, um número tão mitológico como os 300.000 sócios. Ou seja, a BenficaTV foi um barrete e, pior, o Benfica ainda tentou enfiar um barrete aos seus adeptos para lhes tapar os olhos sobre aquela que parece ser um péssimo acto de gestão. O Benfica este ano perdeu 5 milhões de euros ao não ter renovado com a Olivedesportos, tendo assumido também muito mais risco no negócio.
Mas será que foi assim tão mau negócio? Uma coisa é certa, Vieira não é burro absolutamente nenhum e, por muito recheio que levassem, ninguém enriquece a vender pneus, como ele enriqueceu, se não for inteligente. O que levaria Vieira a fazer um negócio destes que, de certeza foi bem estudado e planeado?
O que aconteceu foi que Vieira percebeu que até poderia perder algum dinheiro, mas que a Olivedesportos iria perder muito mais. E, perdendo (e perdeu mesmo), a Olivedesportos, perdem os outros clubes todos. De facto, a Olivedesportos tem servido de bóia de salvação a diversos clubes, adiantando verbas consideráveis de receitas televisivas, para fazer face a necessidades de tesouraria das diversas SAD e SDUQ. Para além disso, os direitos televisivos são a maior fonte de receita da maioria dos clubes. Se a Olivedesportos cair, ou aparece uma solução milagrosa, ou vamos ver todos os clubes a passar inúmeras dificuldades. Todos, menos o Benfica.
Fica a questão: se tal chegar a suceder, o que acontecerá à verdade desportiva se a BenficaTV adquirir os direitos de outras equipas e se tornar na maior fonte de receitas da mesma? Já imaginaram como uns "atrasos" nos pagamentos podem resolver mais jogos que Capelas e Paixões?
A política de remunerações da administração da SAD
Nota prévia: em momento algum o post que se segue pretende avaliar, criticar ou julgar os elevados salários dos administradores da SAD do FCP. O que se pretende é analisar a política subjacente aos mesmos.
Que os administradores da SAD do FCP ganhem rios de dinheiro é algo que não me incomoda minimamente. É normal que os gestores da mais bem sucedida equipa de futebol de Portugal sejam muito bem pagos e mais vale serem bem pagos do que apregoarem que trabalham de borla e usarem o clube e o seu património para ganharem obras para as suas empresas.
No entanto, e analisando os quadros abaixo, sendo o primeiro retirado do relatório & contas de 13/14 e o segundo do de 12/13, verificámos que, de um ano para o outro, houve um substancial aumento das remunerações dos órgãos sociais.
Sem querer por em causa os valores, uma vez que acho óptimo que o melhor presidente do Mundo seja muitíssimo bem pago, provoca-me uma tremenda confusão verificar que, numa altura em que o Porto atravessa problemas financeiros graves, que nem mesmo as justificações do Dr. Fernando Gomes disfarçam, numa época em que a SAD apresenta um prejuízo recorde, numa época onde tudo correu mal, desde a escolha do treinador, à construção do plantel e aos seus retoques em janeiro, sem esquecer os péssimos resultados, os piores dos 32 anos de presidência de Pinto da Costa, e numa época onde o dr. Angelino Ferreira afirmou repetidas vezes que era preciso cortar nos gastos, a administração se dê ao luxo de se aumentar na casa das dezenas de pontos percentuais.
É o "olha para o que eu digo, mas não olhes para o que eu faço".
Que os administradores da SAD do FCP ganhem rios de dinheiro é algo que não me incomoda minimamente. É normal que os gestores da mais bem sucedida equipa de futebol de Portugal sejam muito bem pagos e mais vale serem bem pagos do que apregoarem que trabalham de borla e usarem o clube e o seu património para ganharem obras para as suas empresas.
No entanto, e analisando os quadros abaixo, sendo o primeiro retirado do relatório & contas de 13/14 e o segundo do de 12/13, verificámos que, de um ano para o outro, houve um substancial aumento das remunerações dos órgãos sociais.
Sem querer por em causa os valores, uma vez que acho óptimo que o melhor presidente do Mundo seja muitíssimo bem pago, provoca-me uma tremenda confusão verificar que, numa altura em que o Porto atravessa problemas financeiros graves, que nem mesmo as justificações do Dr. Fernando Gomes disfarçam, numa época em que a SAD apresenta um prejuízo recorde, numa época onde tudo correu mal, desde a escolha do treinador, à construção do plantel e aos seus retoques em janeiro, sem esquecer os péssimos resultados, os piores dos 32 anos de presidência de Pinto da Costa, e numa época onde o dr. Angelino Ferreira afirmou repetidas vezes que era preciso cortar nos gastos, a administração se dê ao luxo de se aumentar na casa das dezenas de pontos percentuais.
É o "olha para o que eu digo, mas não olhes para o que eu faço".
Prejuízo de 40,7 milhões de euros, ou mais do mesmo
A SAD do Futebol Clube do Porto apresentou hoje os seus resultados consolidados, no valor de 40,7 milhões de euros, negativos. Isto é, a SAD teve prejuízos desse mesmo montante.
Embora a informação disponível ainda seja pouca, uma vez que à hora em que escrevo este texto, o Relatório & Contas não esteja disponível, mas apenas o resumo enviado à CMVM, há algumas conclusões interessantes que já se podem retirar:
- O resultado líquido diminuiu, grosso modo, 60 milhões de euros, de 20 positivos, para 40 negativos. Este fenómeno é explicado, segundo a administração, pela redução das mais-valias com a alienação de passes de atletas, que decresceram cerca de 52 milhões de euros;
- Do ponto anterior resulta que as referidas mais-valias não explicam oito milhões de euros de prejuízo, que podem estar relacionados com o insucesso desportivo em Portugal e na Europa;
- Ainda assim, numa temporada onde tivemos o pior plantel dos últimos anos, os gastos com amortizações e imparidades de passes conseguiram aumentar cerca de um milhão de euros;
- Ao contrário do que Fernando Gomes diz sobre o Mundial ser responsável pelo avultado prejuízo, uma vez que fez atrasar alguns negócios, nomeadamente Mangala e Defour, as alienações dos passes destes dois atletas não chegariam para, sequer cobrir o prejuízo. Aliás, a alienação de Defour, calculo eu, nem sequer terá um efeito significativo nas contas e Mangala nunca na vida irá representar uma mais-valia igual aos 30,5 milhões de euros pelos quais o Porto vendeu a percentagem do passe que detinha, uma vez que o atleta ainda tinha valor nas contas do clube e Jorge Mendes se faz pagar bem;
- O capital próprio torna-se negativo entrando o clube em situação de falência técnica, situação que será resolvida à custa de um aumento de capital, sacrificando, o clube, 50% do estádio para o conseguir fazer;
- Este prejuízo, se não me falha a memória, é o segundo maior da história do futebol português, superado apenas pelo Sporting de Godinho Lopes. Sintomático;
- Custos com o pessoal diminuem cerca de 5,2 milhões de euros. Para já, é difícil saber o porquê exactamente, mas apostaria numa drástica redução dos prémios de desempenho;
- Numa altura de crise, e com vários responsáveis do clube a dizer que necessitámos de cortar nos gastos, apenas conseguimos reduzir os custos operacionais em cerca de 800 mil euros, que representam, em termos relativos, uns espectaculares 0,065% de diminuição. Notável!;
- Uma vez que não obtivemos acesso directo à Champions, o rendimento associado à participação só pode ser considerado na temporada 14/15. Isto representa cerca de 10 milhões de euros, o que significa que o clube até terá trabalhado bem ao nível da obtenção de receitas, uma vez que os proveitos operacionais, excluíndo jogadores, caíram apenas 5,8 milhões de euros;
- O passivo aumentou cerca de 13 milhões, essencialmente à custa do aumento dos financiamentos;
Nós não comemos gelados com a testa
A Porto SAD convocou uma Assembleia Geral, para o próximo dia 2 de Outubro.
Resumidamente, a AG terá três pontos, a saber:
1 - Ratificação da nomeação de Fernando Gomes para administrador da SAD;
2 - Aprovação da compra de 50% do capital da sociedade EuroAntas, dona do nosso estádio do Dragão, ao Futebol Clube do Porto;
3 - Aprovação de um aumento de capital da SAD.
O primeiro ponto é pacífico. Fernando Gomes foi nomeado administrador, em substituição de Angelino Ferreira e a lei manda que os accionistas aprovem essa escolha;
O terceiro ponto, também seria pacífico. A Porto SAD tem apresentado péssimos resultados, que se traduzirão (será visível no relatório e contas final da época 13/14), na apresentação de capitais próprios negativos. Isto significa que a SAD terá um passivo maior do que o activo, ou seja, de forma muito básica, que aquilo que tem é inferior àquilo que deve. Isto significa que a SAD vai ficar numa situação de falência técnica. Um aumento de capital poderia ser, de facto, uma boa solução para resolver este problema. Sucede que, o principal accionista, o clube, não tem dinheiro para investir nesse aumento de capital. E, não tendo dinheiro, ou não participa no aumento de capital e arrisca-se a perder o controlo da SAD, ou tem de arranjar dinheiro.
Do parágrafo anterior, chegámos então ao segundo ponto. Como irá o clube arranjar dinheiro? Vendendo metade da EuroAntas à SAD, usando depois esse dinheiro para investir no aumento de capital. Sucede que a EuroAntas é uma sociedade com uma situação financeira invejável. Tem a sua dívida controlada, tem, nos últimos anos, apresentado lucros, tem dinheiro em caixa e tem um capital próprio muito, muito elevado. Uma empresa modelo, portanto. Ou seja, o clube prepara-se para trocar um activo "bom", a EuroAntas, por um "mau", a SAD. Vai vender aquilo que dá dinheiro para comprar algo que só dá prejuízo.
Esta solução poderia ser positiva se a SAD estivesse a inverter a sua política despesista. Como não parece ser o caso, esta operação é apenas cosmética e visa apenas permitir que o desvario financeiro da SAD continue por mais uns anos. Exemplificando: imagine-se um indivíduo com um rendimento mensal de 1.000 euros, mas que gasta 1.200 euros por mês. Vai-se endividando para poder pagar as despesas, até que chega a um ponto em que fica completamente estrangulado. Um amigo, num acto de caridade, oferece-lhe 10.000 euros para ele pagar as dívidas. No entanto, se continuar a gastar mais do que aquilo que ganha, mais tarde ou mais cedo, vai voltar ao mesmo e, a ajuda do amigo serviu apenas para adiar o problema. No entanto, se reduzir as suas despesas para menos de 1.000€, a ajuda do amigo foi útil, pois permitiu-lhe resolver o problema. Esta operação, entre o clube e a SAD, é semelhante. Se a SAD cortar na despesa, esta ajuda do clube pode ser importante. Caso tal não suceda, servirá apenas para adiar o estrangulamento por mais uns anos.
Mais a mais, quer Sporting, quer Benfica já fizeram esta operação, no passado. O Sporting, ao contrário do que a comunicação social e Bruno de Carvalho dão a entender, continua falido e o Benfica, desde que passou o estádio para a SAD, já foi forçado a renegociar o pagamento da dívida da sua construção, adiando o pagamento total da dívida por mais umas dezenas de anos, sabe-se lá a que custo. Já o Dragão está quase, quase pago, tendo sido esse pagamento efetuado de forma escrupulosa até aos dias de hoje. Srs. administradores da SAD, não estraguem tudo, a tão pouco tempo do fim.
Esperemos que tudo isto seja feito com boas intenções, e que não sirva para prorrogar no tempo o desperdício, a loucura e o deboche que tem sido a gestão financeira da SAD.
Não há dinheiro
Uns dias depois de oficializar a compra do argelino Brahimi por 6,5 milhões de euros, correspondentes à totalidade do passe do atleta, o Futebol Clube do Porto alienou 80% desse mesmo passe à Doyen Sports por 5 milhões. Este negócio avalia o passe do atleta em 6,25 milhões de euros, menos 250 milhares de euros do que aquilo que o Porto pagou pelo jogador. Ou seja, à cabeça, já estamos a perder esses 250.000 euros.
Ainda que este negócio possa envolver uma recuperação de parte do passe de Mangala, cuja oficialização no Manchester City deve estar por horas, importa analisar e perceber como o Futebol Clube do Porto se está a movimentar no mercado de transferências. Há duas coisas que sobressaem imediatamente. Uma é o facto da administração da SAD, pela primeira vez em muito tempo, estar a permitir que seja o treinador a escolher os atletas com quem quer trabalhar, o que, a não ser que aconteça uma hecatombe, como uma saída não adequadamente compensada de Jackson Martinez, fará com que Lopetegui terá um excelente plantel, cheio de soluções, o que originará que seja o único responsável caso a época corra mal, isentando Pinto da Costa (e o filho, a filha, o genro e todo o resto da família), Antero Henriques e o resto dos dirigentes. A outra é que o Porto não tem dinheiro para dar essas condições a Lopetegui (nem para mandar cantar um cego, sequer).
O facto do Porto não ter dinheiro, fruto de gastos desmesurados acumulados ao longo dos anos, não é novidade e, então, recorrer a fundos torna-se necessário, ainda para mais quando as portas da banca, por imposição da troika e devido às trapalhadas no BES estão cada vez mais fechadas. Do mal o menos, o Doyen Sports é o menos obscuro de todos estes fundos esquisitos. É o único que tem página na internet e é o único de quem se conhece a carteira de atletas. Só não se sabe a quem pertence o fundo.
O que é importante verificar é que o Futebol Clube do Porto está a apostar tudo na época que se avizinha. Faz sentido. É necessário ultrapassar rapidamente a pior época da história da presidência de Pinto da Costa e é necessário fazer uma boa campanha europeia sob pena de, muito rapidamente cairmos muitos lugares no ranking da UEFA. Assim, a solução encontrada pelo clube foi recorrer aos fundos. Com isto, o clube está a apostar tudo na vertente desportiva, abdicando da financeira. O clube, para poder ter um grande plantel hoje, está a abdicar de o ter no futuro. E o que todos tememos é que para ganharmos hoje, estejamos a abdicar de ganhar no futuro. Esperemos que não se traduza numa debandada como se vê lá para baixo, no clube que nunca mais ia ter que vender.
Ainda que este negócio possa envolver uma recuperação de parte do passe de Mangala, cuja oficialização no Manchester City deve estar por horas, importa analisar e perceber como o Futebol Clube do Porto se está a movimentar no mercado de transferências. Há duas coisas que sobressaem imediatamente. Uma é o facto da administração da SAD, pela primeira vez em muito tempo, estar a permitir que seja o treinador a escolher os atletas com quem quer trabalhar, o que, a não ser que aconteça uma hecatombe, como uma saída não adequadamente compensada de Jackson Martinez, fará com que Lopetegui terá um excelente plantel, cheio de soluções, o que originará que seja o único responsável caso a época corra mal, isentando Pinto da Costa (e o filho, a filha, o genro e todo o resto da família), Antero Henriques e o resto dos dirigentes. A outra é que o Porto não tem dinheiro para dar essas condições a Lopetegui (nem para mandar cantar um cego, sequer).
O facto do Porto não ter dinheiro, fruto de gastos desmesurados acumulados ao longo dos anos, não é novidade e, então, recorrer a fundos torna-se necessário, ainda para mais quando as portas da banca, por imposição da troika e devido às trapalhadas no BES estão cada vez mais fechadas. Do mal o menos, o Doyen Sports é o menos obscuro de todos estes fundos esquisitos. É o único que tem página na internet e é o único de quem se conhece a carteira de atletas. Só não se sabe a quem pertence o fundo.
O que é importante verificar é que o Futebol Clube do Porto está a apostar tudo na época que se avizinha. Faz sentido. É necessário ultrapassar rapidamente a pior época da história da presidência de Pinto da Costa e é necessário fazer uma boa campanha europeia sob pena de, muito rapidamente cairmos muitos lugares no ranking da UEFA. Assim, a solução encontrada pelo clube foi recorrer aos fundos. Com isto, o clube está a apostar tudo na vertente desportiva, abdicando da financeira. O clube, para poder ter um grande plantel hoje, está a abdicar de o ter no futuro. E o que todos tememos é que para ganharmos hoje, estejamos a abdicar de ganhar no futuro. Esperemos que não se traduza numa debandada como se vê lá para baixo, no clube que nunca mais ia ter que vender.
As contas que ninguém fez
No passado dia 28 de fevereiro de 2014, as SAD dos três maiores clubes desportivos nacionais, FC Porto, Benfica e Sporting publicaram os seus Relatórios & Contas referentes ao primeiro semestre do ano fiscal, compreendido entre 1 de julho e 31 de dezembro de 2013. A comunicação social deste país, sempre tão solicita a fazer interpretações erradas destes relatórios, noticiou amplamente os maus resultados das SAD e os seus passivos astronómicos, metendo, neste caso, o Futebol Clube do Porto no mesmo "saco" dos rivais. Estranha-se, portanto, que a grande novidade destes relatórios tenha passado completamente em claro, sem qualquer menção e sem qualquer análise, que é a inclusão da BenficaTV nas contas do Benfica e o seu impacto nestas, bem como a necessária comparação com a situação anterior, quando os jogos do Benfica estavam alienados à Olivedesportos.
Se os jornalistas deste país tivessem tido o cuidado de ler a informação divulgada pela SAD do Benfica compreenderiam que, até à data, (e reconheça-se que o projecto ainda é muito recente), o negócio não está a ser bom para os cofres vermelhos. O clube anuncia logo no início do relatório, (ver imagem em baixo) que adquiriu o capital da BenficaTV e, como tal, integrou o canal nas suas contas pela primeira vez.
Com base nesta informação é extremamente fácil fazer uma comparação entre o aumento de rendimentos e de gastos entre as contas do Benfica com os jogos na BenficaTV e as contas com os jogos na Sporttv. De facto, como é visível na imagem abaixo, o relatório é claro ao anunciar que os gastos operacionais da SAD aumentaram 5 milhões com a inclusão da BenficaTV nas contas.
Por outro lado, as receitas de TV aumentaram cerca de 7 milhões de euros, como é visível no quadro abaixo:
Isto significa que, para uma situação em que registou 4,375 milhões de euros de receitas de televisão, pagas pela Olivedesportos, e nenhum gasto referente às transmissões televisivas, o que dá um saldo de 4,375 milhões de euros, o Benfica passou a ter receitas de 11,372 milhões de euros e gastos de 5 milhões, o que dá um saldo de 6,372 milhões de euros. Grosso modo, pode concluir-se que o Benfica, com esta operação, lucrou dois milhões de euros.
Notemos agora que o Benfica comunicou à CMVM a recusa de uma proposta de 111 milhões de euros da Olivedesportos pela cessão dos direitos de transmissão por 5 épocas desportivas, o que dá cerca de 22 milhões de euros por temporada. Assim, no primeiro semestre, o Benfica poderia ter recebido, da Olivedesportos, um valor muito semelhante àquele que recebeu por ter os jogos na BenficaTV, sem, no entanto, ter tido a necessidade de registar 5 milhões de euros de gastos. Assim, é possível concluir que, a inovadora ideia do Benfica fez com que o clube tivesse deixado de ganhar 5 milhões de euros no primeiro semestre da temporada 2013/2014.
Curiosamente, ou não, ninguém, no Benfica, clube com uma excelente máquina de propaganda, se veio gabar do excelente resultado da BenficaTV. Nenhum dos jornalistas dos vários meios de comunicação social do clube, sejam oficiais, ou oficiosos, escreveu as tradicionais loas à "brilhante" gestão de Luís Filipe Vieira e às suas inovadoras ideias, bem como, a propósito, se esqueceram de destacar convenientemente, o pagamento dos direitos de formação do malogrado Miklos Feher ao Futebol Clube do Porto, depois de um calote de dez anos, ou os motivos da renúncia do Revisor Oficial de Contas. Nada de nada.
É triste quando tem que ser um blog a relatar estes factos, que estão à vista de qualquer pessoa.