A caminho do abismo?

Quando eu nasci, Pinto da Costa já comandava os destinos do melhor clube do Mundo. E, assim sendo, habituei-me a ver o meu clube a trocar de jogadores e treinadores, mas a manter sempre ao seu serviço o Messi, (ou o Cristiano Ronaldo, para não ferir susceptibilidades), dos dirigentes desportivos.

Deste modo, e embora sempre atento ao meu clube, nunca senti especial necessidade de me preocupar com o seu rumo, o seu futuro em termos desportivos, uma vez que a parte financeira me assusta há já alguns anos. Sabia que este era governado pela pessoa melhor governada para o cargo. Eu sou do tempo em que o Porto estava sempre um passo à frente. Lembro-me do Porto ter contratado o Fernando, precavendo a saída do Paulo "Webster" Assunção. E lembro-me do Porto ter contratado o Paulo Assunção para precaver a saída do Costinha. E estes são só alguns exemplos.

Todavia, desde a saída de André Villas-Boas, a equipa directiva do Futebol Clube do Porto tem tomado um conjunto de decisões que me deixam muitas dúvidas. Falcao demorou um ano a ser substituído, passámos meia temporada com apenas quatro atletas para três lugares no meio campo, Moutinho, Defour, Lucho e Fernando. Contratamos Liedson para fazer número e participar na festa do golo do Kelvin. Estivemos vários meses à espera de um extremo, até chegar Quaresma. Gastámos 11 milhões num atleta para substituir João Moutinho que anda a jogar pela equipa B. Os erros sucedem-se e as suspeitas de crescem a cada dia de que passa. De facto, ano após ano, o Porto tem comprado mais caro, e pago mais comissões a empresas das quais nada se sabe, registadas em países com elevado sigilo e uma fiscalidade mais atractiva. Também tem sido notória a selecção de alguns empresários privilegiados  nos negócios com o clube, independentemente da qualidade dos atletas que representam. Mas esta questão ficará para outro dia.

Neste momento, faltam pouco mais de 48 horas para o fecho do mercado de transferências. Já perdemos Lucho Gonzalez e, à partida perderá também Fernando. Dois símbolos do clube, dois dos capitães. Fernando esteve anos à espera de um contrato condizente com a sua preponderância, o seu esforço e a sua dedicação - já tinham feito o mesmo com Lisandro Lopez. Vai sair, provavelmente, barato, uma vez que termina contrato em Junho. Numa altura difícil da vida desportiva do clube, a SAD abdica de dois dos atletas mais importantes. Mais, abdica também da Liga Europa. Vejamos, o Porto apenas increveu 21 atletas na lista A das competições europeias. Teve de deixar quatro lugares de vago uma vez que não possui no seu plantel um único atleta que seja formado no clube, muito embora o todo-poderoso Antero Henriques tenha dito que "o Porto não vai abdicar de ter a melhor equipa para ter a melhor formação". A UEFA só permite três alterações na lista no mercado de inverno. E estas são, neste momento óbvias: saem o proscrito Fucile, (mais uma asneira da SAD ter apostado no uruguaio), o desaparecido Izmaylov e Lucho Gonzalez. Entrarão três atletas, até ver, Carlos Eduardo, Kelvin e Quaresma. Se Fernando sair também, ficaremos reduzidos a apenas 20 atletas, dos quais 5 são extremos. Fantástico.

A SAD do Futebol Clube do Porto tem pouco mais de 48 horas para limpar o monte de asneiras que tem feito nos últimos anos. Possivelmente serão aproveitadas para meter mais umas comissões ao bolso. Espero é que os portistas e Pinto da Costa estejam de olhos bem abertos.

Relatório de Emprestados [23, 24, 25, 26 e 27/01]


Abdoulaye - Vitória de Guimarães 2 x 0 Raja Casablanca: Jogou os 90 min.
Tiago Rodrigues - Vitória de Guimarães 2 x 0 Raja Casablanca: Suplente utilizados aos 59min e marcou 1 golo.
Castro - Kasimpasa 0 x 0 DC Karabukspor: Jogou os 90min.
Djalma - Konyaspor 1 x 2 Fenerbahçe: Jogou os 90min e marcou 1 golo.
Iturbe - Hellas Verona 1 x 3 Roma: Jogou os 90min.
Rolando - Inter 0 x 0 Catania: Jogou os 90min.
Walter - Fluminense 3 x 1 Nova Iguaçu: Não convocado.
                                                                                                                                                     
                                                           Destaques individuais:

                                           
Tiago Rodrigues: Golo (0:41)

Djalma: Golo (0:00) (Clique em "Hayir, tesekkürler" para ver o vídeo)


Este post foi inspirado numa ideia do antigo blog Colunazul, o qual não existe mais.

"Hasta Siempre mi Capitan!"

Foi como uma bomba, inesperada e destrutiva. Se foi difícil o suficiente ter que te dizer adeus uma vez, se não estava preparado em 2009 para te ver partir, que dizer agora quando estava à espera de te ver pendurar as botas de dragão ao peito?

Não te censuro nem tão pouco te chamarei de mercenário, por tudo que fizeste até hoje ao serviço da NOSSA camisola deste todas as provas que haveria para dar. que és inegavelmente um de nós. Os motivos que te moveram são teus e apenas nos resta compreender que realmente não havia outra alternativa. Desejo-te tudo de bom e que tenhas as férias da tua vida ao serviço do Al-Rayyan, mas não te acostumes em demasia, pois aguardo ansiosamente pelo dia em que irás voltar à base, aos teus Homens, aos teus Guerreiros, para um lugar que necessariamente te aguardará!

Fecho esta breve  publicação com as palavras Bernardino Barros, com as quais não me posso identificar mais, e com mais um trabalho do enorme Bruno Sousa.


[Taça da Liga] FC Porto 3 - 2 CS Marítimo


Emotivo qb, este foi provavelmente para muitos portistas tal como para mim o primeiro jogo em que vibraram com uma vitória na Taça da "Sem História" Liga. Pela primeira vez dei por mim a gritar e a festejar uma vitória mesmo tendo a consciência da fraca exibição realizada. Seja como for uma vitória é sempre uma vitória e como Portista desejarei sempre uma vitória ainda para mais face a um Marítimo gerido por um dos mais tristes dirigentes do futebol português, e ainda para mais, sabendo que esta terá causado certamente uma tremenda azia no dirigente mais chorão do futebol português...

De qualquer forma é importante reter a péssima exibição e não esquecer que dia 12 não há desculpas para deixar tudo em campo e arrancar uma presença na Final da Taça da Liga.


  • Fabiano: One man show. Ou pelo menos, o único dragão que deu show. Sofremos dois? Sem responsabilidade do Guardião. Podíamos ter sofrido mais? Sem dúvida, não fosse o nosso grande Guardão! Helton tem hoje mais do que um sucessor um enorme concorrente. 
  • A inconformação de Quaresma e Carlos Eduardo: Não se pode dizer, talvez à excepção de Fabiano, que algum jogador do FC Porto tenha hoje feito uma boa exibição, porém houveram durante 90 minutos dos grandes inconformados com  o resultado. Quaresma e Carlos Eduardo nunca desistiram, nunca deixaram uma bola por disputar nem nunca viraram as costas ao resultado. Obrigado por terem acreditado!
  • O sangue frio de Josué: Pouco mais a dizer. Qualquer Portista no lugar de Josué hoje teria enormes probabilidade de vacilar no momento da marcação da grande penalidade. Mas Josué é isto, é irreverência e raça azul e branca. Penalty muito bem marcado!


  • Uma defesa irreconhecível: Como se explica que uma das defesas menos batidas dos últimos anos em toda a Europa esteja agora deformada e irreconhecível? Como se compreende a inércia, o mau posicionamento e a displicência? 
  • Um Alex Sandro esgotado e um Fernando tocado: A nota negativa não vai particularmente para estes jogadores comparativamente aos restantes jogadores em campo, vai sim para o inegável estado de cansaço de Alex Sandro. Com Rafa e Quino na calha na equipa B não se compreende a insistência em colocar Alex Sandro em campo. Por outro lado não consegui deixar de ficar apreensivo ao ver Fernando abandonar o terreno com aparentes queixas.
  • A inexistência de um meio campo: O FC Porto desde o início da presente temporada luta por encontrar uma identidade no seu meio campo. Mais de meio ano depois frente a uma espécie de Marítimo percebeu-se o que os últimos meses vem denunciando. Não há um meio campo coeso e organizado no Futebol Clube do Porto, qualquer equipa que faça a menor pressão sobre os três jogadores que jogam mais no centro de terreno, conseguem reduzir à insignificância o futebol azul e branco. Agora e órfãos de Lucho resta saber o que vai agora Paulo Fonseca inventar.

Relatório de Emprestados. [18 e 19/01]


Abdoulaye - Vitória de Guimarães 1 x 0 Olhanense: Foi expulso aos 59min. após receber seu 2º cartão amarelo.
Tiago Rodrigues - Vitória de Guimarães 1 x 0 Olhanense: Suplente utilizado aos 88min.
Iturbe - Hellas Verona 0 x 1 Milan: Jogou os 90min.
Rolando - Inter 0 x 1 Genoa: Jogou os 90min.
Walter - Fluminense 2 x 3 Madureira: Não convocado.
                                                                                                                                                     
                                                           Destaques individuais:

Abdoulaye: 1º Cartão (1:50) 2º Cartão (2:50)


Este post foi inspirado numa ideia do antigo blog Colunazul, o qual não existe mais.

[Liga Zon Sagres] FC Porto 3 - 0 V. Setúbal


Benfica e Sporting tinham ganho os respectivos jogos e o Porto entrava em campo quatro pontos atrás do segundo classificado e seis atrás do primeiro. O último jogo do campeonato tinha sido marcado por uma vergonhosa exibição e um mau resultado em casa de um rival. No entanto, entramos fortes e dominadores a arrumamos com o jogo rapidamente afastando qualquer pressão que pudesse vir a existir. Mérito de Paulo Fonseca, dos jogadores e de Pinto da Costa que a meio da semana fez questão de desviar astutamente as atenções e críticas para ele.

A exibição foi boa, os jogadores pareceram praticar um futebol mais alegre (que grandes golos foram marcados e ficaram por marcar!) mas a equipa continua a denotar fragilidades e o duplo pivot continua a não convencer ninguém excepto a equipa técnica.







  • Maicon: a diferença deste portento para o Otamendi é como se comparássemos o Fernando ao Mikel. Mais uma seguríssima exibição de um defesa central de topo e que só aos olhos de Paulo Fonseca merece ser relegado para o banco frente a adversários directos;
  • Quaresma: falta de ritmo, uma ova! tem óbvias fragilidades que resta saber se vêm da lesão sofrida ou do tempo de paragem mas que em mais um ou dois jogos a este nível deixam de se notar. A qualidade técnica está toda lá e chega para fazer a equipa jogar e resolver/desbloquear jogos. Estou ansioso por ver o que conseguirá fazer quando estiver a 100% e conseguir fazer as mudanças de velocidade que o caracterizavam;
  • Golos e oportunidades falhadas: Três grandes golos, outros tantos falhados porque o Pawel decide sempre fazer grandes exibições quando joga contra nós. Aquele remate do Josué...






  • Duplo pivot: continua a não fazer sentido para ninguém excepto para o treinador. Lucho e Fernando não são médios para este sistema e só PF consegue ver algum sentido em insistir nesta ideia;
  • Poucos minutos para os substitutos: já não é de agora muito menos algo que possa ser apenas imputado a Paulo Fonseca (já o VP fazia o mesmo). Kelvin jogou 25 minutos, Josué 14, Quintero "2". Num jogo resolvido muito cedo, não faz qualquer sentido que assim seja. Paulo Fonseca tem que começar a testar soluções e a aproveitar estas oportunidades;
  • Utilização excessiva dos laterais: Alex Sandro já denota o cansaço, Danilo irá senti-lo não tarda. Continuo sem perceber como é que um clube como o Porto usa e abusa dos dois defesas laterais e não tem nenhuma solução alternativa que possa rodar com os dois titulares. Estamos a brincar com o fogo.
Em suma: bom jogo, grandes golos. Quaresma reforço de peso para um resto de época que se adivinha difícil e penoso.

Caminho certo?


De cada vez que as SAD de Porto, Benfica e Sporting apresentam contas, sejam eles trimestrais, semestrais ou anuais, tenta-se encontrar explicação para os cada vez piores resultados dos três grandes. Nesta altura é frequente haver erros análise, perfeitamente desculpáveis quando a nossa comunicação social carece de indivíduos com conhecimentos de contabilidade e economia e é a primeira a tirar conclusões precipitadas e erróneas sobre as contas. Assim, antes de passar ao tema específico deste post, importa, a exemplo do que tem vindo a ser feito noutros blogues desmistificar algumas ideias erradas sobre as contas de uma empresa, nomeadamente de uma sociedade desportiva:

  1. O resultado líquido, isto é, o lucro ou o prejuízo de uma empresa não é igual à diferença entre entradas e saídas de dinheiro. Os rendimentos e os gastos que formam o resultado líquido de uma sociedade são contabilizados quando ocorre a transacção, e não quando ocorre uma transferência de dinheiro. É evidente que, muitas vezes, estes dois momentos ocorrem ao mesmo tempo. Quando vamos jantar fora, ao cinema ou ao supermercado, pagamos no momento em que efetuamos a compra. Todavia, quando compramos um bem a prestações, como seja um frigorífico ou uma máquina de lavar, a empresa que nos vende esse bem, regista essa venda, (um rendimento), quando emite a factura e nós o trazemos para casa e não ao ritmo do pagamento das prestações. Mais ainda, é ainda possível e correcto que um gasto ou um rendimento seja contabilizado no momento a que diz respeito e não no momento da emissão da factura. Tudo isto demonstra que, o facto do Porto ainda ter dinheiro a receber da venda do Hulk, não tem qualquer influência no lucro ou prejuízo da SAD;
  2. Quando um clube contrata um atleta, este é "dividido" em dois: por um lado temos o homem, funcionário desse clube e por outro temos os direitos desse jogador, vulgo "passe". Os custos de aquisição desse atleta, não são imediatamente reconhecidos como gasto, mas sim ao longo do tempo, consoante o número de anos de contrato. Ou seja, se um atleta é contratado por 10 milhões de euros e assina contrato por 4 anos, o clube que o contratou deverá reconhecer 2,5 milhões de euros por ano, sendo que vão ser esses 2,5 milhões que vão influenciar os resultados em cada ano, na rubrica de amortizações. Isto faz sentido, porque quando um atleta é contratado, a sua utilidade para o clube que o contrata não se esgota na temporada em que ele é adquirido, mas sim durante todo o seu contrato;
  3.  Quando um atleta é vendido a outro clube, o valor que vai influenciar o resultado da época em que ele é vendido pode não ser, e normalmente não é, o valor pelo qual é vendido. De facto, do ponto 2, conclui-se que o atleta tem algum valor na contabilidade do clube em que joga. Daí, só se poder registar um proveito se o valor da venda exceder o valor que um atleta ainda representa na contabilidade. Pegando no exemplo do ponto 2, se ao fim do 2º ano de contrato, o atleta for vendido por 15 milhões, o valor (mais-valia) que vai influenciar o resultado do clube nesse ano é de apenas 10 milhões (15 milhões da venda, aos quais se deduz o valor que o atleta ainda possuía na contabilidade, que é os 10 da compra líquidos dos 2,5 reconhecidos  como gasto no 1º ano de contrato e dos 2,5 reconhecidos como gasto no 2º ano de contrato).
  4. Pode até acontecer que um atleta seja vendida e seja necessário reconhecer um custo, referente a essa venda. Isto ocorre se o valor da venda do passe do atleta ocorre por um valor inferior ao seu valor contabilístico. Se o atleta dos pontos 2 e 3 fosse vendido nas condições atrás enunciadas, mas por apenas 2 milhões de euros, o seu clube teria de registar um custo de 3 milhões de euros   (2M€-(10M€-2,5M€-2,5M€)=-3M€)
Ao contrário do registo que catapultou o Porto para o lugar de melhor negociador do Mundo, comprando muito barato e vendendo muito caro, a política tem vindo a alterar-se. Continuamos a vender caro, é certo, mas o preço que pagamos pelos atletas contratados é cada vez maior. Esta situação tem como consequência o aumento dos custos anuais, por via das amortizações e a diminuição dos proveitos referentes às mais-valias com as vendas, fruto dos atletas apresentarem um valor contabilístico mais elevado.

Um exemplo sintomático desta situação é o custo da nossa defesa. Durante anos a fio, os defesas do Futebol Clube do Porto custavam muito pouco dinheiro. Jorge Costa, Bruno Alves ou Ricardo Carvalho foram formados no clube. Bosingwa, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Pepe, Cissokho, Rolando, Fucile, e até Álvaro Pereira ou Sapunaru foram imensamente mais baratos que Danilo, Otamendi, Alex Sandro, Reyes ou Mangala, sem que a qualidade da defesa tivesse sofrido grandes oscilações. Mais, a diferença de preços é tão grande que serve ainda para acomodar, com folga, todos os "barretes" que foram chegando, de Sonkaya a Nelson Benitez ou de Stepanov a Lucas Mareque.

Analisemos em pormenor os defesas mais caros:
  • Mangala custou 6,5 milhões de euros. O porto detém apenas 66,66% do passe. O valor de aquisição é portanto 4,33 M€. O contrato em vigor é de 5 anos;
  • Danilo custou 17,6 milhões de euros e assinou também por 5 anos;
  • Otamendi custou 8 milhões e também rubricou um vínculo contratual de 5 anos;
  • Alex Sandro custou 9,6 milhões de euros. Também ele assinou um contrato de 5 anos;
  • Diego Reyes custou 9 milhões por 95% do passe. Metade, (47,5%), foi alienada a um misterioso fundo, que até hoje não pagou um tostão, o que dá um valor de aquisição líquido de 4,5 milhões. O contrato, à imagem dos demais defesas analisados, é de 5 anos.
Assim sendo, apenas estes 5 defesas custaram cerca de 44 milhões de euros. Uma defesa de luxo em qualquer clube mundial e que representa encargos com amortizações anuais de cerca de 8,8 milhões de euros, fora salários, prémios de jogo e outras despesas associadas aos atletas enquanto funcionários do clube, sejam seguros ou contribuições para a Segurança Social. Se ainda considerarmos quanto custaram Herrera, Defour, Jackson Martinez, Quintero ou Ghilas, percebemos facilmente que temos um plantel caríssimo, muito mais do que aquilo que seria desejável.

Mais, devemos também pensar de onde vem todo o dinheiro gasto nestes atletas. Os milhões e milhões pagos em juros todos os anos, ajudam a explicar e ajudam a que tenhamos, cada vez mais, resultados catastróficos.

    A entrevista do Presidente: Estamos assim tão bem?


    Começo por dizer que ontem a entrevista ao Presidente Pinto da Costa não me agradou muito. Pareceu-me uma entrevista encomendada em grande parte dos tópicos e pareceu-me que o Presidente continua a querer não dar o braço torcer quanto a algumas escolhas que fez na preparação para esta época (também não podia mostrar o contrário agora, mas devia ter dito algumas coisas que não disse).
    Quanto a alguns dos assuntos discutidos na entrevista, acho que deveria haver um programa semanal onde pudessem ser falados os temas relacionados com o clube e jogos e assim serem analisados por alguém que veiculasse a opinião dos dirigentes do clube (tópico que desenvolverei mais abaixo).

    Começando pelo princípio da entrevista, o Presidente começou e bem por malhar na arbitragem do clássico do passado domingo, nós fizemos isso aqui e tenho de estar de acordo com o que foi dito ontem, mas tirando os erros da arbitragem, a nossa equipa também foi uma miséria dentro de campo.
    Não jogamos nada, o Futebol Clube do Porto dos últimos anos nunca foi jogar assim ao galinheiro, nós fomos uma equipa sem ideias, uma equipa sem rigor táctico e sobretudo sem rigor defensivo, mas também já falamos disso aqui.
    Mas continuando com a entrevista do Presidente, ele não esteve bem ao desculpar os maus resultados da equipa com a arbitragem e não só no jogo com o benfica, também criticou a arbitragem do jogo com o Estoril e mais uma vez, a arbitragem teve influência, mas a exibição também teve.
    Óbvio que o Presidente não podia vir malhar na equipa, é óbvio também que não podia vir criticar as opções do treinador em público, mas meter a culpa dos maus resultados nas arbitragens, não foi ao que me habituou o Presidente, nem o Clube.
    Também não faz sentido desculpar as más exibições com azares em bolas aos postes e outras incidências dos jogos, porque isso pode acontecer a qualquer equipa, agora achar normal o FC Porto jogar como uma equipa que neste momento luta para não descer de divisão não é muito bom.

    Voltando ao que disse lá cima no 2º parágrafo, o Presidente ontem decidiu falar dos comentadores desportivos que vestem o azul e branco nos programas de comentário nos canais por cabo das estações generalistas. Diz que concorda muitas vezes com o Miguel Guedes, não gosta do que o Manuel Serrão faz no programa em que participa e não percebe como é que o Guilherme Aguiar consegue aturar o que diz e faz no programa em que é comentador. Neste tópico não podia estar mais de acordo, acho que o Miguel Guedes consegue sempre dar a sua opinião e defender bem o clube, o Manuel Serrão leva tudo para a palhaçada e se calhar é o que faz melhor, não se incomoda tanto e leva as coisas muito mais na desportiva, mas há momentos em que deveria conseguir manter a seriedade e ser capaz de discutir as coisas de forma a defender melhor os interesses do clube. Já o Guilherme Aguiar, é como diz o Presidente, está lá para ser politicamente correcto, não consigo perceber como é que ele atura o tarzan e o "jornalista imparcial" que está lá a moderar o debate e portanto não espero grande defesa daqueles lados.
    Mas aqui levanta-se outra questão, não seria bom ter um programa feito por alguém do clube ou alguém ligado ao Porto Canal a discutir alguns temas no canal do clube? Por exemplo, o Júlio Magalhães que defende as cores do nosso clube no jornal rascord, não poderia estar lá? O Miguel Guedes também podia dar lá a opinião dele, o Rui Cerqueira director de comunicação do clube, entre tantos outros que me parecem capazes de pelo menos tentar repor a verdade do que se diz do FC Porto nesse imprensa tão virada para a capital do regime.

    Seguindo com a entrevista, o presidente diz que se a época acabasse hoje ele renovaria com o treinador Paulo Fonseca. Contudo aqui tenho as minhas dúvidas, o Presidente por mais que apoie um treinador, não pode estar assim tão surdo e não ouvir os sinais que vêm do exterior e também não me parece que o Presidente esteja assim tão convencido com as exibições da equipa ao ponto de renovar com um treinador que em teoria ficaria em 3º lugar.
    Mas aqui, continuo a confiar no que faz o Presidente e nas suas opções, afinal é ele e a sua gestão que nos tem levado aos festejos no fim das épocas. Há muitas coisas em que não concordo com ele, mas também ainda bem que é a opinião dele a que conta.
    Agora parece-me que o treinador, pelo menos até ao fim da época está de pedra e cal, aconteça o que acontecer. Esperemos que aconteça a renovação do título.

    No seguimento da conversa o Presidente falou das tranferências e renovações, falou da renovação do Fernando onde diz que "há um acordo entre a SAD, o jogador e o empresário" , parece-me que é uma forma de ele ir ao Mundial do Brasil e depois disso se fazer um grande negócio com o jogador. Diz que foi proposta a renovação ao "El Comandante" Lucho, mas que este só dirá se aceita ou não no final da época, consoante se sentir fisicamente. Gostei da atitude do jogador e homem Lucho Gonzalez e gostei ainda mais de saber que qual quer que seja a decisão o Comandante ficará sempre no clube, visto ser do "património do FC Porto".
    Folguei em saber que neste mercado de tranferências os jogadores só saem pelas cláusulas, portanto não fica fácil alguém sair, pelo menos por transferência. Já por empréstimo, o Presidente deu a entender que ainda podem sair alguns jogadores. Na minha opinião deve-se avaliar bem aquilo que o jogador nos pode dar, mas se for para emprestar, deve-se avaliar ainda melhor o clube para onde o jogador vai.
    Gostei também de saber que jogadores como o Tozé Carvalho e o Pedro Moreira ainda têm algumas hipóteses de chegar à equipa A. Acredito nisso? Não muito, mas o tempo dará razão a um de nós. Mas se não houve apostas nestes jogadores e noutros da equipa B para a Taça da Liga, não sei quando haverá.

    Na entrevista de ontem, onde o Presidente aproveitou para meter muitas coisas em "pratos limpos", ou pelo menos foi isso que pareceu, foi ainda visivel algo que me desagradou. O Presidente aproveitou a entrevista para malhar em dois potenciais candidatos à sua sucessão. Se por um lado António Oliveira é um nome que não me agrada muito, porque não gostei dele como treinador, não gostei dele como presidente do Penafiel e muito menos gosto dele como comentador, mas não ficou bem ao Presidente vir falar dele só por que ele diz que os jogadores do FC Porto atiraram a toalha ao chão, mas é um facto que nos últimos tempos não se tem visto muito a garra do Dragão nos nossos jogadores.
    Já quanto ao Fernando Gomes actual presidente da Federação, gosto do senhor, portanto parece-me que as críticas ao que ele fez na Liga e agora faz na Federação foi mais um lavar de roupa suja por ele ter saído da direcção do clube e não querer estar tão ligado ao clube nesta altura.

    Falou-se ainda de Eusébio e da forma como a imprensa e o benfica não quiseram saber o que é que o FC Porto achavava da homenagem ao King, valeu pela atitude da filha em ir agradecer ao intervalo do jogo as bonitas atitudes que o nosso clube e especialmente o Presidente tiveram com ele na década de 80.

    Para não me alongar mais, não falo de algumas coisas sem tanta relevância que se falaram na entrevista, mas fica a minha opinião e de outros que escrevem para este blog que esta entrevista pareceu um tanto ou quanto uma encomenda, ao nível daquelas que se fazem no clube do regime.
    Este tipo de entrevistas não são o que o Presidente nos habituou.
    Ainda ficam algumas coisas por dizer, mas serão ditas num outro post a sair ainda hoje, ou amanhã com uma análise ao que se anda realmente a fazer no clube.

    E tu que achaste da entrevista do Presidente? Deixa a tua opinião.

    AlKass - U17 e os problemas da formação


    Os nossos S17 estão por estes dias a disputar uma competição em Doha, capital do Qatar. A competição junta equipas de vários continentes, figurando nesse lote alguns dos mais importantes emblemas do futebol mundial: Barcelona, Real Madrid, AC Milan, Manchester City, PSG, etc.. Para mais informações sobre o torneio podem dar um salto até aqui.

    Os nossos miúdos calharam no grupo B juntamente com o Real Madrid e o Aspire International (equipa da casa). No primeiro jogo, defrontamos o Real Madrid e sofremos uma pesada derrota por números inacreditáveis: 6-2.


    Não tive oportunidade de ver o jogo mas pelo resumo e pelos números expressivos dá para perceber que foi um jogo de um só sentido. O resultado envergonha mas já lá vamos.

    No segundo jogo que acabou há momentos, defrontamos o Aspire International e fomos derrotados por dois golos sem resposta. Pior do que o saldo final (da fase de grupos) ser 8-2, é a imagem deixada. Os comentadores ingleses deste segundo jogo passaram todo a segunda parte a criticar a falta de atitude dos jogadores e treinador (Mário Silva) e sobretudo a rigidez e pouca eficiência do sistema táctico utilizado. Porquê? Porque em todo o jogo fizemos 1 remate à baliza e aos 80 minutos! Mesmo a perder, a equipa continuava a defender atrás da linha de meio-campo e não conseguia sair com a bola controlada para o ataque. Ao estilo da equipa sénior A.

    Se é certo que o tipo de competição é diferente das que estes jogadores estão habituados, será admissível jogarmos mal contra equipas internacionais do mesmo escalão? Não me parece. A idade não é argumento, a experiência internacional poderá ser. E isso corrige-se e é com experiências destas que isso pode ser feito. Mas não só. É importante que estes miúdos percebam desde já o que é ser jogador do Porto. Mais do que sentido posicional, mais do que aproveitamento do talento individual, a primeira coisa que estes miúdos têm que ter na cabeça quando entram em campo vestidos com a camisola do Porto é que vão correr 10 vezes mais do que os adversários, vão querer ganhar mais do que eles, vão comer relva se for preciso. Não vão acabar um jogo com um remate à baliza! Para isso não faltam clubes onde podem jogar!

    De qualquer forma, é salutar a participação do Porto nestas competições internacionais. Quanto mais cedo os atletas puderem entrar em contacto com outras realidades e outros níveis de competição, melhor. Bater em mortos nas competições nacionais já se viu que não dá resultado e poucos activos tem dado ao escalão principal.

    O Porto ainda vai jogar nesta competição mas na altura em que é escrito este artigo de opinião ainda não se conhece o adversário (o Porto irá jogar mais duas vezes podendo ficar do 9º ao 12º lugar no torneio - 12 equipas).

    [Taça da Liga] FC Porto 4-0 Penafiel


    Depois do jogo do último fim de semana que, apesar de desagradável, deve ser relembrado nos próximos anos por adeptos e dirigentes como um exemplo do que podemos ser se nos esquecermos da nossa identidade e história. Talvez por isso esperava-se algum tipo de murro na mesa, não se exigia outra coisa. O adversário era teoricamente mais acessível, teria outras ambições e em condições normais não colocaria problemas à nossa equipa.

    Paulo Fonseca surpreendeu na convocatória por mais uma vez não dar hipóteses aos jovens da equipa B de gozarem de minutos pela A (e quanto já merecia o Tozé!!) e principalmente por continuar a insistir em sobrecarregar os laterais com minutos nas pernas. Ao estilo JJ, atrever-me-ia a dizer. Quaresma, Kelvin. Quintero de volta. Otamendi relegado depois de ter sido quase unicamente responsabilizado pelo treinador pelo desaire do fim de semana (eu sei, não falo mais nesse jogo maldito).

    Uma noite de novidades. Quaresma e Kelvin viriam a jogar de início numa experiência inédita de jogar com dois alas criativos - e extremos puros - de início. Reyes ficaria mais uma vez  e inexplicavelmente no banco.

    Uma noite de intempérie que ia estragando o jogo aos pouco mais de 15 mil que foram hoje ao Dragão e que chegou mesmo a forçar o árbitro Duarte Gomes a interromper a partida. Talvez por isso os dois extremos desequilibradores tenham tido algum dificuldade em mostrar todo seu futebol e na segunda parte viriam mesmo a ser substituídos por Varela e Jackson para um também inédito 4-4-2 com os dois médios ala (Josué e Varela) a aparecerem muitas vezes em posições avançadas, fazendo o esquema assemelhar-se a um 4-2-4 (eu sei que este esquema era muito querido a um treinador qualquer mas não me estou a lembrar quem...).

    A primeira parte foi aborrecida, mais uma vez. Kelvin e Quaresma agitaram, com este último a marcar um golo fenomenal e ainda mais surpreendente por ser de cabeça (!!). O Porto dominou mas nunca se sentiram grandes diferenças entre as formações. Fora as disputas individuais, colectivamente não se percebia que uma equipa lutava pelo título da primeira divisão e que a outra tentava chegar aos lugares de topo da segunda. Não se deu o tal murro na mesa e só a entrada da cavalaria pesada viria a inclinar o campo para nós. Aí, com Jackson e Ghilas a entenderem-se na perfeição, foram múltiplas as jogadas de perigo e algumas de belo efeito como o cruzamento que o argelino fez de trivela para a finalização do Jackson.

    Josué jogou solto, criou oportunidades, fez jogar, soltou a equipa. Fez duas assistências e vibrou com os golos como tantas vezes faz. É um de nós e dá gosto vê-lo.

    Por outro lado Defour passou ao lado do jogo. Numa das poucas oportunidades que Paulo Fonseca parece lhe querer dar, Defour não esteve à altura dando razão àqueles que o criticam e esperam que saia numa das próximas janelas (nesta?). Quanto a mim espero que não saia, como esperava que Belluschi não tivesse saído, como esperava que Castro não tivesse sido emprestado. Fazem falta jogadores destes e o meio-campo não me convence. Mas isso é tema para outro(s) tópico(s).

    Na defesa e na baliza nada a dizer. Fabiano imperial, Ricardo uma adaptação aceitável contra equipas de ambições inferiores às nossas. Fico à espera do teste frente a rivais mais complicados.

    Para finalizar, dizer que Paulo Fonseca não conseguiu com este resultado afastar os fantasmas que continuam a existir. Mesmo que passe a fase de grupos desta competição, não afasta a ideia que todos temos de que o Porto não joga bem, não se superioriza como devia dentro de campo nem mostra a atitude que nos distingue a todos como povo do Norte.

    Relatório de Emprestados. [11, 12 e 13/01]


    Abdoulaye - Vitória de Guimarães 0 x 3 SC Braga: Não convocado.
    Tiago Rodrigues - Vitória de Guimarães 0 x 3 SC Braga: Suplente utilizado aos 77min.
    Iturbe - Hellas Verona 0 x 3 Napoli: Substituido aos 81min.
    Rolando - Inter 1 x 1 Chievo Verona: Jogou os 90min.
    Stefanović - Arouca 2 x 0 Belenenses: Não convocado.


    Este post foi inspirado numa ideia do antigo blog Colunazul, o qual não existe mais.

    A arbitragem do Benfica - FCPorto



    A principio seria apenas um bitate no post do jogo (que podes conferi-lo aqui) para falar da incompetência desse senhor que apitou o jogo de hoje mas o texto acabou ficando grande e virou um post só. Então seguindo. Nunca na vida vi um arbitro tão sem critério e confuso num jogo, principalmente num com a importância do benfica x FCPorto. E não direi que fomos prejudicados e que ele foi tendencioso a favor do Benfica, mesmo porque até o final da primeira parte diria que nós estávamos sendo mais beneficiados do que eles, só lembrar do penalty não marcado do Mangala e um cartão não dado ao Jackson. Já na segunda parte o que estava ruim conseguiu piorar e desta vez a favor dos benfiquistas, uma falta do Garay sobre o Varela em frente à grande área que podia resultar em algo, alguns cartões não dados a jogadores do Benfica, entre lançamentos laterais mal assinalados. Mas nada se compara a quatro erros gravíssimos que podiam mudar o resultado do jogo:


    1º Lance: Lançamento de Quaresma ao Jackson, que claramente deixava o colombiano livre para anotar o primeiro golo nosso 5 minutos depois do segundo golo do Benfica. Eis que ele resolve não dar a lei da vantagem, marcando uma falta no meio de campo, parando por completo o que seria o 13º golo de Jackson na Liga. Não contente com isso ainda deu o que seria o primeiro amarelo de Danilo. Não dizendo que este foi certo no ato de reclamar mas tinham 6 portistas reclamando.

    2º Lance: Quaresma é claramente empurrado por Garay na grande área, em frente ao assistente. Penalty claro em frente ao assistente que no final não foi nada aos olhos dele.

    3º Lance: Danilo entra na área após uma linda jogada com Jackson, marcado por Garay que o derruba antes do brasileiro conseguir o remate. E o que ele marcou? Simulação de Danilo e o mesmo leva o seu segundo amarelo, resultando na expulsão dele. Resumindo, num lance que deveria ser penalty conseguimos sair sem o penalty e com um jogador expulso. Vale ressaltar que 2/3 lances depois o Siqueira deu um lindo mergulho dentro da área e nada foi assinalado.

    4º Lance: E o lance em que eu mais me enervei. Lançamento para o Markovic, Mangala faz um lindo corte, desarmando brilhantemente o sérvio. Eu confesso que até agora eu não sei o que ele assinalou, só sei que enquanto o Helton estava fora da baliza tentando entender o que ele tinha assinalado, ele resolveu dar bola ao chão, com 2 jogadores do Benfica em volta da bola. Por sorte Helton conseguiu desviar a bola e manda-la para a lateral e assim conseguindo voltar a baliza. Um lance completamente limpo, esse senhor consegue complicar e quase aumentou a vantagem benfiquista.

    Como disse anteriormente, não quero passar a imagem que fomos roubados e que se não fosse a arbitragem teríamos voltado para o Norte com três pontos, mesmo porque o resultado foi mais que justo, já que não jogamos absolutamente nada. Mas estes erros podiam mudar o rumo do jogo e pelo menos poderíamos ter saído da Luz com pelo menos um empate.


    Tribunal do jornal O JOGO 13/01/14


    P.S. Não esquecer que este texto é escrito em PT-BR :)

    [Liga Zon Sagres] SL Benfica 2 - 0 FC Porto


    Havia quem dissesse que o Porto ia jogar hoje. Como não quis desconfiar disso, arranjei forma de ver o jogo do Benfica transmitido por essa fornecedora de conteúdos desportivos imparcial, impoluta e sempre desinteressada que é a Benfica TV. Vi uma equipa entrar em campo vestida de azul e branco e ainda me pareceu conseguir identificar o Fernando mas os outros não me pareceram jogadores do Porto e mais tarde concluiria que não eram.

    Não eram porque uma equipa do Porto não entra no campo do rival sem agressividade, sem garra e sem vontade de derrotar o adversário. Não entra a falhar passes atrás de passes, intersecções, domínios de bola, cruzamentos e cortes. Não entra como se de um treino se tratasse. Uma equipa do Porto entraria com vontade de comer relva, de pressionar alto, de ganhar cada lance na raça. Uma equipa do Porto dá a volta às adversidades, cria oportunidades, agiganta-se perante cenários difíceis. Não foi isso que vi hoje.

    Mas para ser justo, reconheço que seja difícil ao Paulo Fonseca perceber o que é o Porto. Vem de clubes pequenos, não é adepto e não percebe a nossa dimensão. Só dessa forma se explica o cruzar de braços durante um jogo inteiro em que o "Porto" é dominado pelo adversário. Depois é teimoso, engana-se a ele próprio conferência de imprensa atrás de conferência de imprensa com lendas de futebol ofensivo. Insiste em jogadores que não rendem e não justificam essa aposta como o Licá e o Otamendi, insiste num sistema táctico obsoleto e que não dá, nem vai dar, resultados e destruiu uma filosofia de jogo dominadora e que dominava o futebol português há três anos. E vai ser difícil recuperar animicamente (e não só).

    O Porto e o nosso estagnado sistema táctico depende do médio ofensivo para construir jogo. Desde o jogo contra o Braga que dependemos 100% da inspiração do Carlos Eduardo e qualquer treinador que se orgulhe de o ser vê facilmente que ao colocar um jogador a marcá-lo, anula todo (ou quase todo) o jogo ofensivo do Porto. Isso, aliado aos constantes passes falhados pelos defesas no início da construção e às suas falhas de concentração, faz com que o Porto não consiga sair com a bola controlada da defesa ao ataque. Recorre-se então aos passes longos que têm como único destino viável a ilha Jackson, ilha essa perdida entre o mar de defesas das equipas que jogam contra nós. E são 15 jornadas disto, sem tirar nem pôr. Só mudam os protagonistas.

    De jornada em jornada esperam-se que os erros sejam corrigidos e não saímos do sítio porque temos um treinador que não quer identificar a origem dos problemas. Ou então quer mas não tem humildade para reconhecer que falhou, quer na alteração da filosofia de jogo, quer na insistência em jogadores que não merecem vestir a camisola. E se assim é, não é justificável o adiamento do término de relação contratual que nos liga.

    Quanto à análise ao jogo, pouco mais há a dizer. Domínio do Benfica, que aproveitou muito bem os factores casa e Eusébio, a apatia generalizada da equipa do Porto e os constantes erros individuais dos defesas e médios. Uma arbitragem atrapalhada, inconsistente e incompetente do Artur Soares Dias, com um penalti por marcar para o benfica e dois para o Porto (Danilo e Quaresma), uma expulsão ridícula do Danilo, com um critério largo no início e excessivamente apertado no fim e com total desconhecimento do que significa a lei da vantagem.

    Quanto ao Porto, espero vê-lo de volta num próximo jogo, de preferência orientado por outro técnico que consiga recuperar psicologicamente uma equipa que outrora dominou tudo e todos em Portugal.

    [Taça de Portugal] FC Porto 6-0 Atlético CP


    Foi a ritmo de treino o primeiro jogo do ano no Estádio do Dragão.

    Um jogo que tardou a desbloquear mas que se sabia que caso acontecesse, o resultado não ia ser curto e foi o que acabou por se verificar.

    Ao intervalo o jogo estava 2-0, golos de Varela e Defour. Dois dos melhores do primeiro tempo, um porque impôs o ritmo na sua ala e o outro porque não facilitou nas tarefas defensivas. O facto de ter tido pouco trabalho nesse aspecto, visto que o Atlético poucas iniciativas criava, permitiu ao Defour subir no campo nas alturas certas e contribuir para o caudal ofensivo que se verificou nessa fase do jogo.

    Na segunda parte o festival de golos acumulou-se e foram marcados mais quatro. A equipa pareceu moldar-se de forma diferente e mostrou mais uma vez ao nosso teimoso treinador que sem duplo pivot funcionamos melhor.








    Defesa: Não teve grande trabalho, mas também não complicou. Gostei do Reyes e sobretudo do Ricardo, ataca bem, afinal de contas é extremo de origem, mas tem sabe defender... teremos um Bosingwa em potência ali?

    Defour: Esteve bem no plano defensivo, onde não complicou, e atacou bem. Já não foi o primeiro jogo onde provou que a jogar sozinho atrás também consegue segurar bem o jogo e a equipa

    Extremos: Varela sempre em bom ritmo, marcou dois golos, não foi trapalhão, mas também a defesa adversária não lhe criou grandes problemas e o guarda-redes do Atlético ajudou. Já o Kelvin é notório que tem de jogar mais vezes. Um golo, uma assistência. É um jogador que não tem medo do "um para um", é um jogador dos que se chamam "brinca na areia" mas que faz falta. Um jogador que consiga criar espaços para cruzar, que consiga chatear os defesas, que consiga isolar os colegas, que anima as bancadas mesmo quando perde a bola, só porque o fez a tentar "partir" os rins ao adversário, é fundamental na equipa.

    Jackson: Sempre incansável, não desistiu de um lance e só foi pena que o lance do auto-golo não tenha tido a sua intervenção, já que no estádio fiquei com a sensação que ele tinha encostado com o calcanhar.







    Substituições: Mais uma vez não consegui perceber aquela troca dos laterais e acho que ninguém percebeu, só o treinador. Isto era algo que ainda se podia explicar se houvesse outro jogo a meio da semana mas isso não vai acontecer. Não fez sentido queimar assim uma substituição. Outra coisa que também me incomoda é o ritmo dos dois brasileiros quando jogam com equipas de nível inferior: só atingem o ritmo baixo e variam-no com o baixinho. Isto noutros tempos dava chatice mas como agora as vedetas só jogam quando querem, não se pode fazer nada.

    Josué: Mais uma vez faltou calma no passe e na distribuição do jogo. Assim não fica fácil o "nosso guerreiro" jogar muitas vezes apesar de achar que é mais um jogador à Porto e que tem de ter as oportunidades dele. Valeu-lhe, no jogo, o livre que deu origem ao golo do Otamendi.

    Ghilas: Se nem a jogar sem pressão e a jogar mais do que os habituais cinco minutos contra uma equipa da segunda liga faz um bom trabalho, não fica fácil e dá para perceber porque não joga muito mais tempo. Comecem a dar mais tempo aos meninos da formação.

    Adeptos: Pouco mais de 20.000 pessoas no estádio, com bilhetes a 2€ e a 5€. Mesmo que a equipa adversária não fosse a melhor, mesmo que a nossa equipa não esteja na melhor das formas, parece-me que o Porto merecia mais do que isto. Mas se calhar isto sou só eu a achar.

    P.S.: Grande vitória no Dragão Caixa dos Homens do Hóquei frente aos leõezinhos. 11-2. Gostei de ver lá o grande presidente bruninho Valentão, sempre com as suas equipas (obviamente que ele não estava lá, asssim como não estava nenhum adepto daquele clube da 2ª circular). Mas entretanto já foi para a TV chorar mais um bocadinho, fica sempre bem não quebrar a imagem de calimeros.

    A Balada de Quaresma



    Mais um caso de mais um jogador a chegar ao Porto e logo para uma posição em que estamos um pouco necessitados de reforços e de qualidade.
    Mas quando o reforço que chega tem a particularidade de já ter jogado em Portugal e ter demonstrado essa qualidade, todos ficam um pouco mais aliviados, excepto se no caso se tratar de outro caso como o Kléber.
    No entanto e para além da característica anterior o protagonista desta transferência tem ainda a particularidade de já ter a qualidade demonstrada no nosso clube!
    Depois da 1ª tentativa de emigrar para o futebol estrangeiro falhada relançou a carreira, e de que maneira, no Porto, onde ganhou outro volume e qualidade. Ninguém esperava a que a 2ª tentativa de emigração num campeonato mais competitivo do que o nosso saísse também furada!
    Neste caso foi o Inter de Mourinho que ficou com um Elefante Branco no clube, um Elefante caro e que tinha de ser despachado! Ora o Porto de braços abertos, mas com pouco poder financeiro em comparação com os Turcos perdeu, achou outras soluções e o assunto morreu...
    Até que apareceu de novo a mesma possibilidade pelo mesmo clube que tinha uma fortuna para gastar teve de apertar os cordões à bolsa e "livrar-se" dum encargo daqueles, nasceu a oportunidade, de novo falhada por um Negócio das Arábias. Foi um daqueles contratos que se fazem só e apenas pelo dinheiro, já nem era para "jogar à bola". Mas há sempre aquele "bichinho", há sempre um amor que nos marca e esse nunca morreu.
    Então e como à 3ª é de vez, aí está Ricardo Quaresma de volta ao Dragão, casa que não o viu nascer para o futebol, mas a casa que o fez crescer para o mesmo desporto, Regressa o filho adoptivo chegam algumas comparações. Será que ainda é o que era? Será que vai ter a mesma influência que tinha? O caso mais próximo que temos e felizmente correu tudo melhor que esperado, foi com o Lucho González, será?
    Ou este público que já demonstra alguma contestação para com algumas exibições não lhe permitirão que estique e espalhe o seu futebol e a sua magia pelo campo?
    Ainda esperamos!

    Bem-vindo de volta Mustang e que faças mais e melhor do que nunca!


    Texto escrito por Luís Silva, a quem a Mística do Dragão agradece pela colaboração.