Caminho certo?
De cada vez que as SAD de Porto, Benfica e Sporting apresentam contas, sejam eles trimestrais, semestrais ou anuais, tenta-se encontrar explicação para os cada vez piores resultados dos três grandes. Nesta altura é frequente haver erros análise, perfeitamente desculpáveis quando a nossa comunicação social carece de indivíduos com conhecimentos de contabilidade e economia e é a primeira a tirar conclusões precipitadas e erróneas sobre as contas.
Assim, antes de passar ao tema específico deste post, importa, a exemplo do que tem vindo a ser feito noutros blogues desmistificar algumas ideias erradas sobre as contas de uma empresa, nomeadamente de uma sociedade desportiva:
- O resultado líquido, isto é, o lucro ou o prejuízo de uma empresa não é igual à diferença entre entradas e saídas de dinheiro. Os rendimentos e os gastos que formam o resultado líquido de uma sociedade são contabilizados quando ocorre a transacção, e não quando ocorre uma transferência de dinheiro. É evidente que, muitas vezes, estes dois momentos ocorrem ao mesmo tempo. Quando vamos jantar fora, ao cinema ou ao supermercado, pagamos no momento em que efetuamos a compra. Todavia, quando compramos um bem a prestações, como seja um frigorífico ou uma máquina de lavar, a empresa que nos vende esse bem, regista essa venda, (um rendimento), quando emite a factura e nós o trazemos para casa e não ao ritmo do pagamento das prestações. Mais ainda, é ainda possível e correcto que um gasto ou um rendimento seja contabilizado no momento a que diz respeito e não no momento da emissão da factura. Tudo isto demonstra que, o facto do Porto ainda ter dinheiro a receber da venda do Hulk, não tem qualquer influência no lucro ou prejuízo da SAD;
- Quando um clube contrata um atleta, este é "dividido" em dois: por um lado temos o homem, funcionário desse clube e por outro temos os direitos desse jogador, vulgo "passe". Os custos de aquisição desse atleta, não são imediatamente reconhecidos como gasto, mas sim ao longo do tempo, consoante o número de anos de contrato. Ou seja, se um atleta é contratado por 10 milhões de euros e assina contrato por 4 anos, o clube que o contratou deverá reconhecer 2,5 milhões de euros por ano, sendo que vão ser esses 2,5 milhões que vão influenciar os resultados em cada ano, na rubrica de amortizações. Isto faz sentido, porque quando um atleta é contratado, a sua utilidade para o clube que o contrata não se esgota na temporada em que ele é adquirido, mas sim durante todo o seu contrato;
- Quando um atleta é vendido a outro clube, o valor que vai influenciar o resultado da época em que ele é vendido pode não ser, e normalmente não é, o valor pelo qual é vendido. De facto, do ponto 2, conclui-se que o atleta tem algum valor na contabilidade do clube em que joga. Daí, só se poder registar um proveito se o valor da venda exceder o valor que um atleta ainda representa na contabilidade. Pegando no exemplo do ponto 2, se ao fim do 2º ano de contrato, o atleta for vendido por 15 milhões, o valor (mais-valia) que vai influenciar o resultado do clube nesse ano é de apenas 10 milhões (15 milhões da venda, aos quais se deduz o valor que o atleta ainda possuía na contabilidade, que é os 10 da compra líquidos dos 2,5 reconhecidos como gasto no 1º ano de contrato e dos 2,5 reconhecidos como gasto no 2º ano de contrato).
- Pode até acontecer que um atleta seja vendida e seja necessário reconhecer um custo, referente a essa venda. Isto ocorre se o valor da venda do passe do atleta ocorre por um valor inferior ao seu valor contabilístico. Se o atleta dos pontos 2 e 3 fosse vendido nas condições atrás enunciadas, mas por apenas 2 milhões de euros, o seu clube teria de registar um custo de 3 milhões de euros (2M€-(10M€-2,5M€-2,5M€)=-3M€)
Ao contrário do registo que catapultou o Porto para o lugar de melhor negociador do Mundo, comprando muito barato e vendendo muito caro, a política tem vindo a alterar-se. Continuamos a vender caro, é certo, mas o preço que pagamos pelos atletas contratados é cada vez maior. Esta situação tem como consequência o aumento dos custos anuais, por via das amortizações e a diminuição dos proveitos referentes às mais-valias com as vendas, fruto dos atletas apresentarem um valor contabilístico mais elevado.
Um exemplo sintomático desta situação é o custo da nossa defesa. Durante anos a fio, os defesas do Futebol Clube do Porto custavam muito pouco dinheiro. Jorge Costa, Bruno Alves ou Ricardo Carvalho foram formados no clube. Bosingwa, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Pepe, Cissokho, Rolando, Fucile, e até Álvaro Pereira ou Sapunaru foram imensamente mais baratos que Danilo, Otamendi, Alex Sandro, Reyes ou Mangala, sem que a qualidade da defesa tivesse sofrido grandes oscilações. Mais, a diferença de preços é tão grande que serve ainda para acomodar, com folga, todos os "barretes" que foram chegando, de Sonkaya a Nelson Benitez ou de Stepanov a Lucas Mareque.
Analisemos em pormenor os defesas mais caros:
- Mangala custou 6,5 milhões de euros. O porto detém apenas 66,66% do passe. O valor de aquisição é portanto 4,33 M€. O contrato em vigor é de 5 anos;
- Danilo custou 17,6 milhões de euros e assinou também por 5 anos;
- Otamendi custou 8 milhões e também rubricou um vínculo contratual de 5 anos;
- Alex Sandro custou 9,6 milhões de euros. Também ele assinou um contrato de 5 anos;
- Diego Reyes custou 9 milhões por 95% do passe. Metade, (47,5%), foi alienada a um misterioso fundo, que até hoje não pagou um tostão, o que dá um valor de aquisição líquido de 4,5 milhões. O contrato, à imagem dos demais defesas analisados, é de 5 anos.
Assim sendo, apenas estes 5 defesas custaram cerca de 44 milhões de euros. Uma defesa de luxo em qualquer clube mundial e que representa encargos com amortizações anuais de cerca de 8,8 milhões de euros, fora salários, prémios de jogo e outras despesas associadas aos atletas enquanto funcionários do clube, sejam seguros ou contribuições para a Segurança Social. Se ainda considerarmos quanto custaram Herrera, Defour, Jackson Martinez, Quintero ou Ghilas, percebemos facilmente que temos um plantel caríssimo, muito mais do que aquilo que seria desejável.
Mais, devemos também pensar de onde vem todo o dinheiro gasto nestes atletas. Os milhões e milhões pagos em juros todos os anos, ajudam a explicar e ajudam a que tenhamos, cada vez mais, resultados catastróficos.
Balneário blindado? e as palestras de hora.
Já foi o tempo em que o que se passava dentro do balneário da nossa equipa principal de futebol não saía cá para fora, digo já foi tempo, porque agora parece que se sabe tudo o que se passa lá dentro. Ora é o jogador que discute com o treinador por ter pouco tempo de jogo e é afastado do grupo, ver aqui. Ora é outro jogador que certamente não está a render o que devia nem dentro, nem fora do campo, mas que faz a capa de um dos jornais desportivos a dizer que quer jogar mais, ou vai ter de pensar nas suas opções em Janeiro.
Há coisas que notóriamente estão a mudar no clube e não sei se será para melhor. Se havia coisa de qualquer portista se orgulhava era de que no clube dele as coisas de dentro, resolviam-se dentro e sem ninguém de fora saber, mas parece que isso está a começar a ficar diferente. Não sei se será por estarmos numa época em que as coisas não estão a correr assim tão bem, mas acho que é nestes momentos em que se tem de ver a coesão da equipa e da estrutura para que a coisa possa continuar a funcionar.
As palestras
O mister Paulo Fonseca desde que chegou, habitou o grupo a palestras. Aparentemente elas trariam coesão, união e serviriam para que os jogadores percebessem o que o treinador quer.
Ontem, e depois do empate no Restelo houve outra. Não sei se as palestras estão a ter o efeito pretendido, ou se o mister não está a conseguir fazer passar a mensagem, mas que as coisas não estão a correr como era de esperar não estão.
Acho que está na altura de começar a voltar a hábitos antigos, além da blindagem do balneário necesária, é necessário que se mude a forma de chegar aos jogadores.
Mais haveria a dizer sobre a forma táctica em que se tem jogado, quem tem jogado, mas essa análise fica para outro post.
Fucile dá Adeus ao Dragão em Janeiro ?
Na manhã de ontem (30/10), o jornal O Jogo avançou com a noticia que Fucile queria deixar o Porto já em janeiro. Não sendo convocado desde o jogo contra o Atlético de Madrid, Fucile quer mudar de clube para poder jogar mais. (Confira Aqui)
Em último ano de contrato Fucile que já é conhecido por ter problemas no balneário portista, tanto que já andou afastado na época VP, tendo sido emprestado ao Santos e depois treinando sozinho por meia época, tendo apenas Danilo e Alex Sandro no plantel principal para as laterais.
Fucile que para mim já não faz parte do plantel do Porto desde que foi para o Santos (não altura até pensei que poderíamos fazer uma troca dele por algum jogador do Santos), permaneceu sabendo que não iria renovar e que na próxima época seguiria a vida dele em outro clube. A questão é que somos um clube que vive de vendas, e deixar um jogador que poderia até gerar um bom lucro algo como 2/3M e que de certa forma é uma carta fora do baralho há algumas épocas, ir embora por uma valor que vá ser minimo, além de abrir um buraco no plantel que teremos que ocupar já em janeiro. Dado isto vou tentar dar uma ajudinha a SAD e dar umas sugestões para o lugar:
Plantel B: No nosso plantel B temos 2 opções interessantes, David Bruno e Víctor Garcia. Embora ambos tenham características diferentes, acho que é uma boa intercalar um jogo David e outro Víctor. Além de dar uma maior rodagem aos 2, seria uma aposta econômica.
Sapunaru: O jogador que conhecemos e que nos conhece. Gastaríamos algo, mas seria uma opção bem viável.
Ricardo: Ricardito já chegou na pré-temporada fazer um jogo a lateral, e se não me engano no Vitoria também já jogou. Seria uma aposta econômica, porém perderíamos uma jogador muito interessante no ataque, e que por outro lado abriria uma vaga para o Kelvin na equipa A.
E qual a vossa opinião malta ? Quem trariam para o lugar do Fucile ? Deixem o vosso comentário logo abaixo. Um grande abraço e até a próxima. ;)