Por favor, continuem a roubar-nos

Ontem, 19 de dezembro de 2016, ocorreu no Estádio Dragão mais um episódio do caso de polícia no qual o campeonato nacional se tornou. Jogo após jogo, o Futebol Clube do Porto é assaltado, vilipendiado. Não fosse o enorme investimento efetuado pelo Benfica na aquisição de reforços de apito na boca ou bandeirinha na mão e o Futebol Clube do Porto, pese embora os inúmeros tiros nos próprios pés que tem dado, era líder e o mais forte candidato ao título de campeão nacional.

O Porto e o seu Presidente falam em 15 penaltis sonegados esta época. Não vou entrar em contabilidades, mas fora várias grandes penalidades cometidas no exato momento em que os árbitros foram encandeados pelo sol, mesmo em jogos à noite, facto que os impediu de correctamente ajuizar os lances, há os vermelhos perdoados a adversários, a permissividade quanto ao jogo violento e, o pior, o critério adoptado esta época segundo o qual de cada vez que há um contacto entre uma mão e uma bola dentro da grande área, o lance é sempre decidido a favor do Benfica e contra o Porto.

Mas eu peço aos árbitros e ao conselho de arbitragem da FPF para continuarem. Continuem a roubar-nos forte e feio. Eu quero mais Vascos Santos como o de ontem, Capelas como o de Chaves ou Tiagos Martins como o de Alvalade. Eu cresci adepto de um clube guerreiro, que faz das fraquezas forças e que se une para derrotar quem nos quer mal. Foi na luta contra o centralismo, foi nos roubos de catedral, foi nos manacas e nos chineses desta vida, foi nos apedrejamentos no Jamor que o Porto se fez enorme. Enquanto nos continuarem a roubar, nos nossos jogos, nós daremos a volta por cima, porque temos essa possibilidade, como ontem se viu. Enquanto tivermos armas para lutar, lutaremos até à exaustão. E ganhar, assim, dará muito mais gozo.



A propósito de mãos, ontem os Super Dragões apresentaram uma faixa elucidativa, e que o Fotos da Curva, atentamente, eternizou em foto. Bola na mão ou mão na bola depende da cor da camisola. Como quem lê o que eu escrevo, não sou nem nunca serei o maior fã dos Super Dragões. Já expus os meus motivos no passado e não vale a pena fazê-lo de novo. Mas desta vez curvo-me perante quem tão bem descreveu o estado de coisas nos bastidores do futebol português.

E como o colinho não ocorre apenas no futebol, a Federação de Andebol resolveu punir o pivot do Futebol Clube do Porto, Victor Iturriza com quatro jogos de castigo por uma agressão no jogo contra o Benfica. Vamos a factos. Victor Iturriza foi bem expulso. Teve um lance violento contra um adversário. Mas no mesmo jogo há dois lances piores da parte de atletas do Benfica que não suscitaram qualquer atitude disciplinar, nem dos árbitros, nem da Federação. Mas compreende-se, perdendo o melhor jogador com uma gravíssima lesão no joelho e com Pizzi cedido à equipa de futebol, há que equilibrar as coisas.



O Pai do Alexandre

Eu sou do tempo em que quando o Presidente do Futebol Clube do Porto falava, o país abanava. Ninguém ficava indiferente às palavras de Pinto da Costa. Ninguém. Pinto da Costa atacava indiscriminadamente quem ousasse beliscar o Porto. Os inimigos do Porto eram seus inimigos. E quem se metia com Pinto da Costa e o Futebol Clube do Porto estava, normalmente, tramado. Quem tiver memória lembra-se de como indivíduos como Luís Filipe Vieira, Dias da Cunha, João Malheiro, Sousa Cintra, Valentim Loureiro e o seu filho João ou Pimenta Machado foram ridicularizados por Pinto da Costa.

Era um tempo em que Pinto da Costa punha o clube à frente de tudo e de todos. Há um dirigente do Porto que é administrador da Cofina? Rua com ele. Há um Dragão de Ouro que se torna empresário de jogadores e é muito próximo do Benfica? Torna-se persona non grata. Esse empresário arrasta o filho do Presidente com ele? Corta-se relações com o próprio filho. Nada mais simples.

Hoje, Pinto da Costa mudou radicalmente. Se antes Pinto da Costa se batia pelos seus até à exaustão, actualmente não se importa de ridicularizar publicamente um atleta do clube, Adrian Lopez, para se salvaguardar do disparate que fez ao contratá-lo. Diz Pinto da Costa que o contratou porque Jorge Mendes e Lopetegui fizeram de Adrian Lopez um novo Maradona e que investiu 11,6 milhões de euros porque Mendes lhe prometeu que se a aposta fosse falhada o Porto recuperava o investimento. E o departamento de scouting, que disse de Adrian Lopez? Não foi ouvido? E que presidente é este que mete 12 milhões de euros nas mãos de um empresário? O único culpado pelo falhanço da contratação de Adrian, para além do próprio, que não mostrou cá um décimo do que fez em Espanha é o próprio Pinto da Costa, que foi comido de cebolada e ainda se faz de vítima.

Hoje, Pinto da Costa é mais o pai do Alexandre do que o Presidente do Futebol Clube do Porto. Hoje o Presidente do Futebol Clube do Porto preocupa-se mais em defender os interesses do filho do que os do clube. Em todas as entrevistas, quando o tema é abordado ainda que ao de leve, Pinto da Costa veste a capa de justiceiro e defende o filho até à exaustão. Defende mais o filho do que o clube, clube do qual é presidente e é nessa qualidade que é entrevistado. Pinto da Costa não se cansa de referir que não tem culpa que o filho seja agente de atletas (a propósito, alguém reparou que Alexandre, o injustiçado, desapareceu da página da Energy Soccer?). Mas foi na condição de agente de atletas, e associado de José Veiga que Alexandre, o mal-amado, levou Drulovic, João Manuel Pinto e Feher do Porto para o Benfica e foi na qualidade de agente de atletas que Alexandre, o homem de bom coração que arranja emprego ao pai de um atleta, festejou um campeonato do Benfica no Bessa em 2005? Entretanto, Alexandre, o desgraçado, lá vai fazendo as suas negociatas, enchendo os bolsos à custa do clube, recebendo comissões ilícitas e para o pai de Alexandre, o empreendedor, está tudo bem. Pergunto eu, e para o presidente do Futebol Clube do Porto está tudo bem? E para o sócio e adepto Jorge Nuno Pinto da Costa?

Por fim, e a propósito da entrevista de ontem ao JN, mais dois assuntos. Primeiro, Pinto da Costa referiu-se aos membros das claques, como os verdadeiros portistas. Em primeiro lugar eu não sou membro de nenhuma claque, mas, pelo menos, não me engano no nome delas, e não admito a ninguém, nem a Pinto da Costa que classifique o meu portismo. Em segundo lugar, que eu saiba Pinto da Costa nunca pertenceu a nenhuma claque... Segundo, Pinto da Costa voltou a referir o provedor do sócio, dizendo que está disponível para atender os associados. Pena é que eu envie um e-mail em agosto com um conjunto de sugestões e receba a resposta três (!) meses depois com um "obrigado, vamos analisar". Fica a questão, quando Alexandre, o orgulhoso associado, tem algum problema com o clube, dirige-se ao provedor e fica três meses à espera ou vai directamente ao pai, como faz quando quer comprar acções da SAD?