Por mais partilhadas que sejam as opiniões e por mais brilhantes que sejam os argumentos, não há nada mais verdadeiro do que os factos.
E os factos dos últimos 26 anos do futebol português são os seguintes. F.C. do Porto: 17 campeonatos. Benfica: 6 campeonatos. Sporting: 2 campeonatos. Boavista: 1 campeonato. Quase o dobro dos títulos em relação às outras três equipas juntas. No mesmo período, o Porto ganhou 10 Taças de Portugal, o Benfica venceu 6 e o Sporting conquistou 4 (6 foram ganhas por outros clubes); ou seja, tantas como Benfica e Sporting juntos. Nas supertaças, o domínio portista é avassalador: 14 contra 6 do Sporting e 3 do Benfica (e 3 entre Boavista e Guimarães).
Se passarmos para o plano internacional, o quadro também não deixa dúvidas. O Porto foi duas vezes campeão europeu, ganhou 1 Taça da UEFA, 1 supertaça europeia e 2 taças intercontinentais. No mesmo período, o Benfica atingiu por duas vezes a final da Taça dos Campeões (e perdeu ambas) e o Sporting foi a uma final da Taça UEFA, saindo derrotado.
Se perguntarmos aos adeptos dos dois rivais do Porto, a maioria diz que a causa destas estatísticas é a "arbitragem". Durante um dos últimos programas de discussão sobre futebol, perguntava-se aos espectadores por que razão o Porto tem 8 pontos de avanço em relação ao Benfica. Respostas: 77% por causa dos árbitros, depois era mais ou menos 7 ou 8% por mérito da equipa do Porto, 5% por mérito de Villas Boas e 10% por demérito do Benfica. Eis, o "Portugal futebolístico" no seu melhor. Enquanto os benfiquistas e os sportinguistas se vão enganando com "mentiras maioritárias", o Porto vai juntando títulos aos factos.
A escolha da data para fazer esta pequena (mas indiscutível) amostra não é inocente. Em 1983-84, foi a última vez que o Benfica ganhou dois campeonatos seguidos. De resto, foram vitórias episódicas sem continuidade. Quem leu a magnífica entrevista que Pinto da Costa deu ao Jogo no dia 25, percebe que é essencial saber gerir o sucesso e reagir ao insucesso. O que, obviamente, o Benfica deixou de saber fazer nas últimas duas décadas e meia. A impressionante consistência do Porto durante este período é a melhor prova de gestão eficaz do sucesso.
A escolha da data para fazer esta pequena (mas indiscutível) amostra não é inocente. Em 1983-84, foi a última vez que o Benfica ganhou dois campeonatos seguidos. De resto, foram vitórias episódicas sem continuidade. Quem leu a magnífica entrevista que Pinto da Costa deu ao Jogo no dia 25, percebe que é essencial saber gerir o sucesso e reagir ao insucesso. O que, obviamente, o Benfica deixou de saber fazer nas últimas duas décadas e meia. A impressionante consistência do Porto durante este período é a melhor prova de gestão eficaz do sucesso.
A preparação desta época constitui um óptimo exemplo de como se deve reagir ao insucesso. No final da época de 2008/09, quando o Porto ganhou o quarto campeonato seguido, os seus dirigentes perceberam que seria quase impossível ganhar um segundo penta. O país não aguentaria (como se viu com o caso dos túneis). Por isso, o Porto fez um ano de transição, com dignidade, ganhando a Taça, e preparou-se para a nova época. E fê-lo, como é costume com Pinto da Costa, com coragem e sem medo de arriscar: indo buscar um treinador novo, sem passado, mas com futuro. Foi assim igualmente com Artur Jorge, em 1984/85 (depois de cinco anos sem ganhar o campeonato) e com Mourinho em 2001/02 depois de três anos sem ser campeão.
Cegos no seu fanatismo, os benfiquistas e os sportinguistas não conseguem aprender com o exemplo da competência do Porto. Ainda bem para todos os portistas. Um Bom Ano para todos nós.
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João Marques de Almeida, Professor universitário
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João Marques de Almeida, Professor universitário
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