Festas de Lisboa

Este não era um jogo normal, por muito que quiséssemos fazer crer que sim.

Entre os Benfiquistas havia dois lados: Se os havia que consideravam que o Porto seria um justo campeão, ainda que por demérito do Benfica, do seu treinador e do seu guarda-redes, também outros havia que choravam as arbitragens que de acordo com a sua interpretação lhes haviam roubado o titulo. Independentemente do partido, todos tinham o mesmo espírito, o Benfica ia provar em campo quem era o melhor. Pessoalmente, eu e outros dragões lisboetas mantínhamo-nos sossegados, até porque ganhar na casa dos rivais não é tão comum quanto isso e o campeonato mais cedo ou mais tarde seria nosso. Uns quantos emails com a temática “reservado” e pouco mais se foi fazendo.



Chegada a hora do jogo, juntámo-nos no restaurante do costume, 5 Portistas e… muitos Benfiquistas (alguns Sportinguistas também). Fomos ouvindo bocas e provocações e fomos aquecendo as ganas de “calar esta malta”. O campeonato estava ganho, e era justo, mas era preciso prová-lo, outra vez… porque a supertaça não foi suficiente, porque os 5-0 não foram suficientes, porque o evidente nunca é evidente.

A comunicação social fez o seu trabalho de casa ao longo do ano. O Benfica era uma vitima, o Porto um privilegiado, rodeado por adeptos violentos, sem eira nem beira. O jogo começa, e desde logo os nossos foram insultados, vaiados e… agredidos por uma chuva de bolas de golfe e de bilhar. Tinha caído um mito, afinal os adeptos Benfiquistas também mandam bolas. Não muito tempo antes outro mito havia caído quando dezenas de adeptos Benfiquistas agrediram polícias e jornalistas na ânsia cega de carregar sobre os adeptos Portistas. Na noite anterior, outro mito havia caído quando tentaram mais uma vez apedrejar o autocarro do agora campeão nas portagens de Alverca.

Cabia agora aos jogadores Portistas fazer cair mais um mito: o da melhor equipa Portuguesa. E caiu mesmo! Minuto a minuto, o Porto não era só melhor, era muito melhor. Troca a bola, pressiona alto, é mais equipa, é mais madura, tem melhores individualidades, preparação física, banco e até melhor treinador. Em campo mostrava porque tem mais golos marcados, menos sofridos, não tem derrotas e apenas 2 empates… e tudo isto sem precisar de 11 penalties e 17 expulsões.

Aos Benfiquistas caiu-lhes tudo ao chão… a arbitragem foi tendenciosa, os jogadores violentos, os adeptos selvagens e a direcção… enfim… esteve ao seu nível. Não ficou um único mito em pé, tudo caiu na mesma noite, deixando até o mais cego adepto sem argumentação… ou quase, fora do nosso grupo, alguns adeptos saíram porta fora vociferando impropérios em todas as direcções.

Lá fomos em direcção ao centro, já só 2, porque os outros não estavam para arriscar o pescoço, e tinham alguma razão. O nº de pessoas a festejar era significativo, mas a cada carro que abrandava, era um arrepio na espinha… lá voava um impropério, uma garrafa, uma pedra… havia jornalistas lá no meio, mas nem um referiu este facto que leva a que muitos Lisboetas Portistas não saiam à rua, não passeiem de camisola vestida e não festejem como querem e merecem.

Enfim…

Para a história fica que no meio da penumbra da cestinha do pão, houve uma luz que brilhou intensamente, a nossa!!

Conquistámos o campeonato, o jogo, o estádio e tudo o que mais houvesse para ganhar nessa noite. Fomos grandes, somos grandes, somos campeões!

A lua iluminou a nossa festa, os aspersores foram garrafas de champanhe e ao melão do Dragão do ano passado juntámos o cabeção da Luz este ano.

Que grande e bela noite Lisboeta!
(e que pena não ter levado máquina)

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7 comentários

  1. Excelente, Francisco!

    Tens toda a razão, numa só noite caíram não um, mas vários mitos. Vamos ver o que eles vão inventar daqui para a frente.

    Essa parte das garrafas e das pedras, é a parte que eles não contam..não querem que se saiba...ainda ontem, Rui Gomes da Silva disse em directo que em Lisboa todos os portistas podem e puderam festejar livremente. Uma barbaridade, pelos vistos.

    Mas enfim, just one more day at the office..!

    Abraço!

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  2. Bom texto. Boa escrita. Muitas verdades...
    Esta comunicação social sabe como se trabalha. Sabe quem lhe paga o salário.

    A verdade é que somos campeões e isso ninguém nos tira! Embora em Portugal tudo pode acontecer...

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  3. Revejo-me neste texto porque também estou por Lisboa. A grande diferença é que não me dei ao luxo de festejar. Até porque estava sozinho.

    Mas já estou habituado a isso :)

    Btw, partilhei este artigo no FB do Blog Azul (http://www.facebook.com/blogueazul?ref=ts).

    Continua a dar-lhe! abc

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  4. Recordo que também lá se foi um mito antigo: o de que o Futebol Clube do Porto não era campeão nacional nos anos acabdos em "1"

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  5. E não é que o Miguel Guedes disse exactamente o mesmo ontem à noite? :D

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