Sentenças e coincidências

Estávamos em 2003, Luís Filipe Vieira era eleito pela primeira vez presidente do Benfica, com as promessas de um regresso a uma hegemonia vencedora que considerava sua por direito. 

Azar dos azares, o ascender de Vieira trouxe ao de cima o melhor Porto de sempre. Após 3 anos de seca, o Porto ganhava campeonatos, a taça UEFA e a Liga dos Campeões.

Era preciso fazer algo, e coincidência das coincidências, surge no ano de 2004 o processo Apito Dourado. O processo arrastou-se ao infinito, as falhas processuais eram evidentes, a perseguição a elementos escolhidos a dedo também, enquanto a organização de Vieira crescia “por outro lado”.



Aproveitando o poder adquirido e o desmembrar dos campeões europeus, o Benfica ganhava o campeonato, num ano em que as palavras sumaríssimos e EstorilGate tornaram-se piada nacional, tão óbvia era a escandaleira. Mas o futebol joga-se no campo, e aí o Porto continua superior, caiu, mas levantou-se e formou mais uma equipa vencedora… e foi vencedor.

Vieira esta à beira da saída.
O Porto era campeão, bi-campeão, tri-campeão… mas no preciso dia do jogo em que se iria sagrar vencedor do campeonato, coincidência das coincidências, sai a conclusão do processo “Apito Final”. O Porto não é campeão nessa noite, é campeão 2 noites depois. Salva-se Vieira, que ganha assim a esperança de ir à Liga dos Campeões, esperança frustrada. Vieira volta a estar à beira do desespero, os sócios pedem a sua saída, e eis que com a cumplicidade de Vilarinho, e através de um claro atropelo dos estatutos do Benfica, Vieira derruba a sua própria direcção.

Fala-se de Moniz poder suceder, e eis que coincidência das coincidências surge uma notícia sobre o facto de este querer vender o Benfica aos espanhóis, notícia falsa, inclusive castigada pela Entidade Reguladora. Mas Moniz não avança e Vieira ganha as eleições.

O Porto volta a ser campeão. Tetra… outra vez. A caminho do Penta, coincidência das coincidências, o melhor jogador do campeonato é suspenso… preventivamente. Em paralelo o Benfica beneficia de mais de uma dezena de grandes penalidades e joga quase sempre contra 10. Coincidência.

O barulho aumenta e coincidência das coincidências surgem então as escutas no Youtube, na sua globalidade perfeitamente inócuas, principalmente quando colocadas lado a lado com as actividades de Vieira e de Veiga, mas com textos introdutórios que levam o espectador pela “estória” que se quer contar. Surge então finalmente o castigo a Hulk e Sapunaru, que mais tarde foi dado como ilegal e falso. 



Como sempre, o Porto caiu, mas levantou-se. E a chegar ao final de um campeonato arrasador e verdadeiramente humilhante para a equipa de Vieira, à beira de uma final Europeia, eis que coincidência das coincidências surge um dito jantar com o árbitro da meia-final, uma semana depois desse mesmo jantar ter ocorrido, na véspera do jogo da 2ª mão. A notícia era infundada, era ilógica mesmo, e cravejada de alusões ao processo apito dourado. 

A mão que a escreveu era evidente.

Pelo caminho Jorge Jesus pregou uma lambada num jogador, aqui não houve lugar a suspensão preventiva. Quando houve suspensão, foram 11 dias (o agredido levou 30), e coincidência das coincidências, termina mesmo a tempo do jogo com o Porto. 


Correu-lhe mal, mais valia não ter estado lá...

Mas o Porto vai à final, e desastre… o Benfica não. Com o rival à beira da tripla, é o culminar de uma época humilhante, e é preciso desviar as atenções. Coincidência das coincidências surge Jacinto Paixão, com um suposto vídeo de 2004, onde diz ser ex-árbitro, algo que só aconteceu em 2006.

Coincidência atrás de coincidência, suspensão atrás de suspensão, o Porto cresce e ganha.

Tudo se resume a esta simples verdade:

Temos mais finais europeias (e quiçá títulos) em 10 anos, do que eles têm campeonatos nacionais.

 

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4 comentários

  1. Simplesmente excelente caro F. Andrade
    Parabéns por este belíssimo texto que, resumidamente recorda-nos as manigâncias que são tão habituais no Benfica ao tratarem dos assuntos por outro lado
    Obrigado
    ft

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  2. "Temos mais finais europeias (e quiçá títulos) em 10 anos, do que eles têm campeonatos nacionais."


    Neste momento temos mais títulos internacionais em 10 anos, do que eles têm campeonatos nacionais. E se vencermos Liga Europa teremos o dobro.

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  3. Os meus músculos faciais ainda doem de tanto rir e sorrir a pensar nesta época.
    Mas agora ainda doem mais ao perceber por este post que ainda tinha mais por onde "esticar os lábios no sentido das orelhas". Obrigado por me fazer sorrir.

    Já agora, tenho um blog recente que não é sobre desporto, aliás, é sobre tudo e sobre nada, mas gostava de pedir a quem me visitar que que faça o favor de alimentar os peixinhos.

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