O Porto pós-Alemanha

Quando falamos no estágio na Alemanha começamos desde logo a falar de tradição: sempre que estagiamos em Marienfield, chegamos campeões no fim do ano (pelo menos campeões !).

Depois falamos também em estágio, logo de pré-época. Sei que é sempre bom para o adepto ver goleadas a amadores, ganhar troféus com nomes de rios de que ninguém quer saber, saber quem vai entrar e quem vai sair, ver as caras novas e os miúdos da formação que ainda vão jogando. Mas o mais importante é ganhar rotinas.

O que mais impressionou neste Porto de Vítor Pereira foi isso mesmo: as rotinas. Mesmo sem muitos jogadores habituais titulares (Álvaro, Guarín e Falcao) e depois sem James, o Porto cilindrou o Gutersloh por 10-1, jogo do qual apenas se viram os golos. E quem viu os golos deve ter visto o mesmo que eu: Hulk já está a jogar uma monstruosidade.

Está a jogar uma monstruosidade tal que o Sr. Kinhofer fez questão de o tirar de campo numa das anormalidades de pré-época (mesmo assim não supera uma equipa tirar o central dos sub-20 e depois mandá-lo para lá outra vez como se fosse tudo normal).


Mas este jogo não foi só a expulsão de Hulk aos 23' quando estava a fazer dos defesas do Moenchengladbach o mesmo que fez ao David Luiz e ao Coentrão o ano passado. Foi também um Moutinho incansável e a pressionar altíssimo, um Maicon assustadoramente seguro e sem inventar, um Fernando que se mostrou pouco afectado com a pseudo-novela do «sai-não sai» típico desta altura. Mas também mostrou caras novas.

Kelvin, para já, só deu para ver nos treinos e na super-flash que fez um dia da semana. Quanto a Djalma, eu quero acreditar que dali não sai a cópia do filme que assistimos com Alan, que também veio do mesmo clube e com a mesma idade. Djalma é rápido, tem técnica mas também se alheia um pouco do jogo. Vamos ver. Kléber, sim, tem categoria. Já mostrou vários pormenores como segurar muito bem a bola e jogar bem de cabeça. Além disso, marcou golos e começa a ganhar pontos a Walter, que apesar do hat-trick ao Gutersloh, contra o Borussia apareceu lento, com dificuldade a segurar a bola e ainda por cima lesionou-se. Bracalli, não sei porquê mas não me pareceu muito seguro principalmente a sair dos postes. Uma situação a rever, até porque Bracalli demonstrou muita segurança no Nacional.



Quanto aos que já eram da casa tenho que destacar uma vez mais Castro. É um jogador que me enche as medidas, à Porto diria. Mostrou raça, fibra, determinação, vontade e faz-me pensar se este ano, com mais oportunidades, não poderia singrar no plantel. Pelo menos, junto a Moutinho faz um meio-campo muito combativo mas que também sabe sair a jogar. Não peço oportunidades a Castro por ele ser português, apenas porque gosto do estilo. Até porque se entrássemos por aí, devia-se dar uma oportunidade a David. Mas este miúdo, apesar do esforço, parece-me ainda muito tenrinho e até permeável. Quando entrou Fucile, a história foi outra. Uma palavra ainda para Christian que também me pareceu muito bom de bola e com uma qualidade típica de extremo: é explosivo.

De resto, Fucile apareceu demasiado bem fisicamente, o que me impressionou, tendo em conta a paragem por lesão. Sapunaru, Rolando, Otamendi, Rúben Micael, Varela e Souza mostraram-se também a bom nível. Não digo ao nível do ano passado porque Souza mostrou-se muito seguro e Varela muito apagado. Mas mesmo assim, impressiona ver como esta equipa, com pouco tempo de treino já assimilou princípios diferentes em relação ao ano passado mas mantendo a qualidade de jogo a que já nos habituou.

Ainda hoje, domingo, o Porto bateu o Verl por 3x1 antes de regressar ao Porto. Hulk jogou outra vez uma monstruosidade e Kléber bisou. Pela amostra em solo alemão, podemos esperar uma época bastante positiva dos nossos rapazes, já com dois troféus em Agosto e com uma entrada difícil no campeonato. Mas, para já, entretemo-nos com estes jogos de pré-época.  

Quinta-feira, às 20h30, há mais, em Vila do Conde contra o Rio Ave.


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7 comentários

  1. O Souza ficar no plantel e o Castro sair é uma tremenda injustiça, e em última análise prejudicial à equipa.
    O Castro está pronto, é jogador do plantel. O Souza precisa de rodar na liga para ganhar consistência.

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  2. É muito cedo para analises profundas à equipa. Faltam entrar e sair jogadores e o tempo que passou desde o inicio desta pré-época ainda é pouco. As analises mais correctas e pormenorizadas só a equipa técnica consegue fazer com objectividade.



    Avivar

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  3. Nelson, concordo. Esta análise foi na perspectiva de um adepto e que apenas reflecte uma visão parcial do que se passou na Alemanha (visto que nem estive nos treinos e só vi um jogo completo dos três lá realizados). Mas já deu para reparar em alguns pormenores e é isso que se pretende versar com o post.

    Cumprimentos

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Gostei da tua analise.
    Acho que um ponto que muita gente se esquece e até foi um amigo que me referiu é a naturalidade da posição do Souza, continuam a insistir a por o rapaz a 6 mas ele é um puro 8. Pois talvez por isso é que ainda não rendeu o que se pretende. Souza não tem nada o estilo de Fernando, é um jogador elegante a jogar, com a cabeça para cima. Mas concordo com o que já foi referido aqui com o facto do castro ficar no plantel, mas arriscaria-o a por a 6 pela garra que tem.

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  6. Obrigado Roquid.
    Quanto à tua opinião sobre o Souza é realmente um jogador com demasiado talento e técnica para se amarrar á posição 6. Lembro-me que o Jesualdo quase matava o Guarín ao insistir com ele nessa posição. Para mim o Castro também faz melhor essa posição. Aliás, o Castro, à semelhança do Moutinho, já fez todas as posições no meio-campo. Ele no Gijón jogava mais a 8, no Olhanense jogava mais a 10 e no Porto já foi testado a 6 também. Mas desde que fique no plantel, até a ponta-de-lança podia jogar !

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  7. Sem duvida, concordo em tudo contigo. O Castro é um jogador belíssimo, e sinceramente preferia-o a ver jogar a 6 pela sua garra. Mas um 6 da Era de Villas-Boas, ou seja um trinco movel. Quanto ao Souza, deste o melhor exemplo, o Jesualdo insistia no Guarin a 6 e este era visto com o suplente do Fernando e quando alguém teve a inteligência de meter o homem a 8 deu o que deu, uma maquina.

    Cumprimentos

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