A Vergonha da Manhã

Nota prévia: este post não versa sobre o Futebol Clube do Porto. No entanto, parece-me pertinente que ele seja publicado neste blog.

Ontem, todo o Mundo foi supreendido com um vil ataque à liberdade de expressão. Três terroristas atacaram a redacção de um jornal satírico francês, o Charlie Hebdo, assassinando doze pessoas à sua passagem, entre jornalistas, cartoonistas, seguranças e polícias. Um dia triste, especialmente para classe jornalística, visada neste bárbaro ataque.

Era, portanto, de esperar capas fortes, manchetes de alto nível na imprensa de hoje. Um pouco por todo o lado, tal, obviamente, sucedeu. Desde o desportivo francês l'Équipe, aos portugueses Público, I, Jornal de Notícias ou Diário de Notícias.

Infelizmente, tinha de haver uma excepção a esta regra. E a excepção foi o mesmo de sempre, o Correio da Manhã. Enquanto a generalidade da imprensa optou por dar a melhor resposta possível aos terroristas, respondendo-lhes com a força do lápis e da caneta e com o poder do cartoon e da sátira, o Correio da Manhã, mantendo o seu registo populista e sem qualquer tipo de nível, optou por publicar uma foto de um polícia ferido a ser assassinado a sangue frio por um dos terroristas, enquanto pedia clemência, foto essa que o Mística do Dragão se recusa a publicar, tal a sua violência. O Correio da Manhã hoje, e perdoem-me a expressão, mas não encontro melhor, foi do mais foleiro que se possa imaginar. Apresentar a referida foto num jornal com a tiragem e a exposição mediática que o matutino infelizmente tem, é grotesco, vergonhoso e asqueroso. É vulgarizar um acto tão hediondo. É meter à frente dos olhos de milhares e milhares de crianças em formação factos com que estas não estão de todo preparadas para lidar. É desrespeitar a memória dos colegas de profissão assassinados. É fazer publicidade gratuita à causa dos terroristas. E, infelizmente, é ser o Correio da Manhã.

Por mais mentiras que escrevam, por mais parciais que sejam, por mais Casas dos Segredos versão José Sócrates que organizem, esta capa, de hoje, bate tudo aos pontos na falta de nível e de decência.


Bate tudo e explica muita coisa. E não vocês não são Charlie. São outra coisa, coisa essa que me recuso a escrever aqui, porque sei que há crianças e jovens a ler isto.

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2 comentários

  1. Bravo, Bravo, Bravo!

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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  2. @ João

    fantástico 'post', apesar do funesto que o tema encerra.

    e a tua prosa também versa sobre o nosso Amor comum, sim senhor.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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