O jornalismo indecente do Record.

Exmos. Senhores,

Estes últimos dias têm sido pródigos em mais algumas, digamos, parvoíces da vossa parte, publicadas no jornal Record. Não que isso surpreenda especialmente quem anda atento à vossa postura e à vossa linha editorial, mas convém sempre relembrar para que os mais desatentos não se deixem iludir.

Tudo começou quando, na semana passada, vocês publicaram mais uma edição de Liga da Verdade, uma parvoíce sem qualquer sentido, mas que vindo de um jornal que teve como directores um belenense que com quatro anos vibrou intensamente com uma conquista europeia do Benfica e que usa esse argumento para justificar o facto do jornal Record considerar a Taça Latina uma prova oficial ou um benfiquista doente e manhoso, claramente incapaz de demonstrar a independência e a imparcialidade necessárias para o desempenho de um cargo jornalístico desta relevância. primeiro A Liga da Verdade é uma parvoíce, porque é publicada pelo Record. E qualquer coisa publicada pelo Record com a palavra "verdade" no nome é algo pleno de comicidade e que faz qualquer ser humano duvidar da sua sanidade mental. Faz tanto sentido como apelidar o Eliseu de veloz. E depois, é uma parvoíce porque o Record pressupõe que um erro do árbitro não tem qualquer efeito no resto do jogo. Exemplificando, se a equipa A defrontar a equipa B. O jogo termina 3-0 para a equipa A, mas no primeiro minuto, um defesa da equipa A corta a bola em cima da linha com a mão e o árbitro nada marca. Seria penalty e expulsão. Como o jogo ficou 3-0 para a equipa A, para o Record, o erro não tem influência no resultado final. Lógica? Nenhuma. Mas pronto, é esta a palha que os senhores dão a comer aos vossos leitores. Ora, nessa edição da Liga da Verdade, constata-se que, antes do jogo de ontem com o Vitória de Setúbal, o Benfica ainda não foi prejudicado pelos árbitros. Até aqui tudo normal. Lê-se também que só beneficiou de ajudas dos senhores do apito no jogo contra o Gil Vicente. Por outro lado, lê-se também que o Porto já foi beneficiado por duas vezes, contra o Penafiel e o Braga e prejudicado outra, em Guimarães. Eu poderia elencar aqui todos os erros dos árbitros a favor do Benfica e todos contra o Porto. Podia, mas não pretendo que este texto, que já vai longo, se assemelhe a um discurso do Fidel Castro. E, assim sendo, prefiro denunciar este terrível branqueamento, que não sendo de capitais, ocorre na capital do império, apelidando-o de inqualificável, grotesco, vergonhoso e execrável, indigno sequer de aparecer num jornal com tantos leitores. Passar uma esponja na roubalheira que tem sido este campeonato e tentar legitimar a forma como o Benfica lidera isolado este campeonato devia resultar na cassação da licença de órgão de media. Era a única forma de se cortar o mal pela raíz.

Mas, não satisfeitos com esta proeza, tudo o que o Record retirou de um programa em que Arsène Wenger, treinador do Arsenal, apresentou sobre o Futebol Clube do Porto e no qual teceu rasgados elogios ao Porto e ao seu presidente, o Record resolveu destacar uma frase de Wenger em que este afirma que, por ter mais adeptos, o Benfica é o maior clube português. No Porto, já sabemos que em Portugal ninguém reconhece os nossos méritos. Agora que se escamoteie o bem que se diz lá fora sobre o Porto é vergonhoso. Felizmente, e caso os senhores não tenham reparado, o tempo da censura e do antigo regime já lá vai e, numa era onde a informação corre a velocidade vertiginosa, já não é possível esconder a informação. Lamento imenso.

Por fim, na edição de hoje, e depois de uma arbitragem no jogo Benfica - Vitória de Setúbal em que o árbitro tem ifluência em três lances de golo, repito, três, sempre em prejuízo dos sadinos, o Record escreve que o árbitro esteve bem e que "foi pena" que tivesse errado no lance em que Lima marca o segundo golo do Benfica e que é precedido de falta, que é tão clara e tão óbvia que até os comentadores da BenficaTV a viram. Os outros lances, o penalty logo aos dois minutos e o fora-de-jogo mal tirado e que no contra-ataque deu o 3-0 ao Benfica foram ignorado. Muito sinceramente, desconheço quem são os jornalistas que fazem estas "análises", mas vejo-me forçado a recomendar que atribuam à vossa colunista Cristina Ferreira a função de fazer as crónicas dos jogos do Benfica. Se a senhora teve a inteligência de recusar uma proposta para ser sócia do Sporting feita por Bruno de Carvalho, também deve ser capaz de fazer uma análise melhor que a vossa. Nem que se limite a escrever sobre o visual dos jogadores. A sério.

Com os melhores cumprimentos,

João Ferreira

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5 comentários



  1. de leitura obrigatória (aqui)

    até quando perdurará este ensurdecedor silêncio do Clube perante a gravidade dos factos recentes?

    Miguel | Tomo II

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    1. Essa é a one million dollar question, Miguel.

      Não te sei responder.

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  2. Excelente artigo. Tenho pena que apenas Bernardino Barros queira "berrar" contra aquele que é para mim o campeonato mais inclinado de que tenho memória. Nem na época de Trapp ou do Tunel, porque em ambas as épocas o Porto esteve por baixo.

    Confiemos na justiça de Lopetegui!

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    1. Como eu respondi ao comentário anterior, é um mistério.

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  3. Aproposito do estado da arbitragem:

    Lanço UM DESAFIO à Blogosfera Portista ( e Foruns) :

    Repitam o que já fizeram ( e teve eco) aquando da "apitadela" , UNAM-SE e denunciem com os dados possíveis ( e são muitos ) esta "brincadeira"

    Se o FCP parece não ter uma estratégia para tal ( nem de forma indireta) então que sejam estas corajosas, diligentes, dedicadas e atentas "organizações" portistas que façam .

    E façam chegar (se possível) tal "trabalho" a tudo que é entidades importantes. E divulguem no.

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