Antero, o promovido

Recentemente, e de surpresa, Antero Henrique foi promovido a administrador da SAD. Antero, que entrou no Futebol Clube do Porto com um cargo "menor", foi subindo os vários degraus na hierarquia da gestão portista, tendo chegado a director-geral da SAD e a vice-presidente do Porto, tendencialmente devido à sua extrema competência, até chegar, há dias, a administrador da SAD. Num clube onde grassam os compadrios, os tachos, os favores e onde se conseguem cargos e rendimentos à custa do parentesco, sejam filhos e filhas, irmãos, genros e ex-cunhados, esta promoção tinha tudo para ser uma excelente notícia, provando que a meritocracia existe no Porto e que o clube reconhece o valor, o talento e a capacidade dos seus - a propósito, onde anda o prometido jogo de homenagem a Vítor Baía, anunciado há praticamente uma década?

Mas não, esta promoção de Antero Henrique não é uma boa notícia, porque Antero não vem demonstrando a competência necessária como homem-forte do futebol portista para merecer um cargo de superior importância. Nas últimas três épocas, o Porto ganhou apenas uma Supertaça e tem hipóteses reais de ganhar apenas mais uma Taça de Portugal. Quando o Porto, que esbanja dinheiro como nunca, sem conseguir ter um plantel sem lacunas e quando não se ganham títulos, o homem-forte do futebol não pode ter feito um bom trabalho, que lhe valha, para mais, uma promoção a administrador. Não dá. É impossível. É vergonhoso. Ultrapassa todos os limites da decência. Promover alguém que foi claramente incompetente no exercício das suas funções vai contra todos os bons princípios da gestão e é um desrespeito para com os portistas.

Mas há mais. Antero Henrique não foi só incompetente na gestão do futebol, na constituição dos vários planteis e nos gastos respeitantes a estes. Foi também incompetente na gestão dos activos do clube. Alguém com a pasta do futebol, e com um mínimo de competência, não necessitaria de recorrer a um irmão de um administrador da SAD, para convencer um jovem portista, Rúben Neves, à data menor de idade e formado no clube, a renovar contrato, gastando nessa brincadeira mais 400 mil euros e abdicando de 5% do passe do atleta. Também é incompetente na defesa dos interesses do clube. A voz de Antero não se ouve há anos. Enquanto isso, episódios como o de Braga, no último domingo continuarão a repetir-se. Citando Pedroto, que ao contrário de outros nasceu portista, "enquanto fomos bons rapazes fomos sempre comidos".

É evidente que Antero não será o único culpado. Os agora seus colegas da administração também têm muita culpa. Mas, que se saiba, nenhum deles foi premiado pela sua incompetência. Esta promoção é mais uma prova de que o Porto é um regime fechado, opaco, com tiques ditatoriais, onde a crítica não é aceite e existe uma guarda pretoriana remunerada em bilhetes e que está pronta para silenciar quem ouse erguer a sua usando o lema "Canelas até ao pescoço".

Urge que os portistas acordem e se unam. Vêm aí eleições, que mesmo representando apenas o cumprimento de uma formalidade, requerem uma forte participação dos sócios. Uma percentagem significativa de votos em branco provocarão ruído e mostrarão a quem se quer candidatar e tem, legitimamente, medo de fazer, que tem condições para avançar.

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2 comentários

  1. Não conheço ninguém que tenha um conhecido que trabalhe no FC Porto. Por isso, de tudo o que se diz de Antero Henriques é apenas o que leio em blogs ou comentários de adeptos em alturas em que algo correu mal. Às vezes até ex-jogadores comentam nessas alturas.
    O Antero Henriques está no Porto desde (se não me engano) 1990. Chegou a director desportivo em 2005. O que é que ganhamos desde que ele chegou a esse cargo?
    Só acho estranho a contestação ter começado quando o Porto deixou de ganhar. Mas então o problema é o homem? Não consigo associar um acontecimento a outro. Talvez alguém da bluegosfera pudesse fazer um texto a aprofundar o tema com factos.
    Ah e o Vitor Baia? Não o ouvi falar após a vitória sobre o Benfica. No entanto após a derrota com Braga, volta outra vez aos destaques na imprensa.

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    1. Olá. Obrigado pelo teu comentário.

      A contestação à SAD em geral e a Antero Henrique em particular não começou quando deixamos de ganhar. Já existe há anos. Estava era escondida e era ignorada por muitos que, como ganhávamos, achavam que estava tudo bem.

      A única relação causa-efeito que se encontra na ascensão do é o desvario financeiro, agravado com o reatar de relações entre PdC e o filho. De resto, o Porto ganhou sem Antero e ganhou com Antero e, como deves ter lido no meu post, a culpa não é só dele. Mas a verdade é que ele, homem-forte do futebol foi promovido depois de 4 anos (sim, golos do Kelvin não aparecem todos os dias) a fazer asneiras e a demonstrar incompetência. E isto é estranho.

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