Um milhão, trezentas e oitenta e uma mil razões para a SAD dar a cara

Ontem, num outro post, repliquei aqui no Mística, uma história narrada por Bernardino Barros no Porto Canal. De acordo com BB, num momento de enorme constestação ao treinador Fernando Santos, Pinto da Costa saiu lado a lado com o "Engenheiro do Penta", aparecendo, dando a cara, responsabilizando-se pela sua decisão de o manter em funções. Referi também que sinto saudades dos tempos em que os nossos dirigentes não se escondiam, e que era importante que aparecessem em público numa demonstração de uma liderança firme.

Infelizmente, parecia que estava a adivinhar. Ontem, depois de mais uma paupérrima exibição, dirigi-me à saída do parque de estacionamento P1 do Estádio do Dragão. Estava às moscas - o que terá mudado desde a madrugada do último domingo? Mas mantive-me ali, na esperança de me poder insurgir contra os maus resultados da equipa. Repito, o P1 estava às moscas, éramos 20 ou 30 adeptos e havia 2 ou 3 polícias para cada adepto. Uma boa parte desses agentes da autoridade encontrava-se descontraidamente encostada ao muro do estádio, outros estavam ocupados em inspeccionar os passageiros de um autocarro de adeptos do Porto. O ambiente estava calmo, os jogadores foram saindo, debaixo de uns muito tímidos "joguem à bola" e "tenham vergonha". Tudo pacífico. Saíram, jogadores, dirigentes e funcionários do clube e da SAD. Ninguém precisou de acelerar, de buzinar, nada. Todos menos o líder, o presidente do clube e presidente do conselho de administração da SAD. Foi o único que saiu a abrir, foi o único que desrespeitou regras de trânsito, ultrapassando numa passadeira, pela direita, um carro parada nessa mesma passadeira. Só a seguir saiu o treinador, o último a abandonar o estádio, sozinho.

Apoio? Nenhum. Responsabilização? Nenhuma. Liderança? Onde ela já vai. Ordenados principescos? Com toda a certeza. Na época 2014/2015, os administradores da SAD receberam de ordenado 1.381.000 euros. Este valor só inclui remunerações. Despesas de representação, carros, telemóveis ou combustíveis não contam. E não incluem o Director-Geral da SAD, Antero Henriques, porque este nao é administrador. Eu defendo que os colaboradores do Porto sejam bem remunerados. O Porto é um clube de excelência e, sendo um clube de excelência, tem de ter colaboradores de excelência. E para os ter e os segurar, tem de lhes pagar bem. Pacífico. Mas isso traz responsabilidades. E uma administração paga a peso de ouro não pode errar tanto, não se pode esconder tanto, não pode continuar a aparecer apenas para festejar e sacudir culpas do capote.

É que, no fundo, a culpa já não é só de Lopetegui, que é incompetente. A culpa é, principalmente, de quem o mantem lá, abandonado à sua sorte. Esses sim, são os verdadeiros culpados.

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4 comentários

  1. Obrigado por esse contributo, que é muito esclarecedor...

    É por isso que estamos a ser tremendamente injustos com alguém cujo profissionalismo e consideração pela entidade para quem trabalha é exemplar.

    O corajoso, quiçá fosse mantê-lo, contra tudo e contra todos, até ele conseguir pôr a casa em ordem, mas sem nunca lhe faltar no apoio...

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  2. Desta vez discordo. A SAD tem que dar a cara pela responsabilidade que tem de gerir o futebol profissional, responsabilidade essa que não varia em função do valor dos salários de que auferem.

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  3. Infere-se que Lopetegui fez um grande trabalho?
    Jorge Jesus diz que sim.

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  4. Mais um que não serviu. Como não serviu Adriaanse, em muitos momentos Jesualdo, Vítor Pereira e Fonseca. Algo me diz que a culpa não mora aqui…mas os assobiadores profissionais dizem que não e o circo continua! Agora até se preparam para ir buscar o principezinho da Foz, que gosta mais de libras boas do que ocupar a sua cadeirinha de sonho. Haja vergonha, por Deus!

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