Equipa B: uma análise crítica

A equipa B do Futebol Clube do Porto encaminha-se rapidamente, neste seu regresso, para o final do seu quarto ano de existência. Ao fim de quatro anos é importante fazer-se uma breve análise à equipa B, por vários motivos, que se elencarão de seguida.

Em primeiro lugar, ao final de quatro anos, a equipa B já não é um "bebé". Já houve tempo mais que suficiente para que os erros típicos dos novos projectos fossem corrigidos e para se perceber o caminho a seguir.

André Silva
Depois, porque, no seu principal objectivo, a equipa B tem sido um quase total fiasco. Não me interpretem mal, eu fico feliz por ver os nossos "meninos" a liderar a 2ª Liga e a brilhar em jogos internacionais como a Premier League International Cup. Mas ganhar títulos não pode ser, nunca, o principal desígnio de uma equipa B. Esse tem de ser a formação de atletas que alimentem a equipa A e/ou gerem mais-valias financeiras para o clube. E aí, temos falhado redondamente. Em quase quatro anos de equipa B, apenas um atleta conquistou o seu lugar no principal plantel, Sérgio Oliveira que, ainda assim, teve de sair do clube, jogar dois anos no Paços de Ferreira e mostrar valor que justificasse o seu regresso. Todas os outros atletas que actuaram pela equipa A, fizeram-no em jogos menores, como desafios para as taças da Liga e de Portugal (neste caso contra equipas de escalões secundários), ou por não haver ninguém na equipa A para fazer o lugar. São os casos de Tozé, Kayembe, Quiñonez, Chidozie, André Silva, Gonçalo Paciência e, ainda no fim-de-semana passado, Francisco Ramos. O Futebol Clube do Porto é, de longe, a equipa que pior tem aproveitado a sua equipa B. Benfica e Sporting já fizeram muitos milhões com atletas que passaram pela equipa B e têm titulares da equipa A que por lá passaram, casos de Renato Sanches ou João Mário. O Vitória de Guimarães já ganhou milhões com Paulo
Oliveira, Hernâni, Ricardo Pereira ou Bernard e é o clube que mais recorre aos seus jovens, tendo vários a actuar na primeira equipa. E até o Braga já aproveitou a equipa B para reforçar o plantel principal com atletas como Bolly, Mauro ou Vukcevic. O Porto não. Falando de cor, sem recorrer a estatísticas, o Porto ainda só rentabilizou Seri, de quem manteve uma percentagem do passe quando o cedeu gratuitamente ao Paços, que posteriormente o vendeu para o estrangeiro.

Vem isto a propósito de, neste momento, o Porto ter nos seus quadros um conjunto alargadíssimo de atletas com um trajecto significativo na equipa B, que clamam por uma oportunidade na principal equipa e que mesmo que não a tenham, têm já demasiada qualidade para actuar na Segunda Liga. Dos emprestados Igor Lichnovsky, Raul Gudiño, Rafa, Leandro Silva, Gonçalo Paciência e Ivo Rodrigues, aos B, Francisco Ramos, Victor Garcia, João Graça, André Silva ou Chidozie, para não falar de Gleison ou Ismael Diaz, cujos passes não nos pertencem, e correndo o risco de me esquecer de alguém, há demasiada qualidade para não poder ser deitada ao lixo. É essencial que o Porto olhe para os seus meninos, e aposte neles. Têm qualidade, são baratos e podem dar muito à equipa A e, sendo certo que nem todos poderão ser aproveitados ao mesmo tempo, é impossível que numa dúzia de atletas de tanta qualidade não haja nenhum a ter uma oportunidade.



Se tal não acontecer, mais vale acabar com a equipa B, que deixará de ser um projecto de formação de atletas, para continuar a ser um sorvedouro de recursos do clube. Recordemo-nos que entre salários e contratações, muitas delas desnecessárias, o Porto B já nos custou muito milhões. Atletas como Quiñonez, Caballero e Kayembe foram tudo menos baratos. Os atletas brasileiros entram e saem a ritmo alucinante, muitos deles sem sequer se saber. Quantos portistas conhecem Diogo Mateus, Victor Luís, Enrick Santos ou Anderson Oliveira?

Os meninos já provaram todo o seu talento. Luís Castro pouco mais pode fazer para além de continuar a inventar defesas semana a semana. Tem a palavra a SAD. Esperemos que esta, desta vez acerte.

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3 comentários

  1. A verdade é que um jogador de segunda liga dificilmente estará preparado para pegar de estaca no FC Porto. Por isso é dificil vermos um jogador que salte da equipa B para a principal, a menos que vá passar uma época entre o banco e a bancada.
    A equipa B é boa para dar minutos de competição aos seniores de primeiro ano que vêm dos juniores, depois precisam de ganhar maturidade noutros clubes de primeira liga ou no estrangeiro. E mesmo assim isso não é garantia de nada, hoje em dia não é qualquer um que veste a camisola azul e branca. A exigência é muito alta e os orçamentos elevados.

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  2. Caro Jorge a exigencia não é exigência. No Porto B e na equipa A ou se da comissões ou nao serve. Por isso venham com tretas. Rafa soares, F.Ramos, S.Oliveira, Paciencia, A.Silva etc etc sao bem melhores que angels,Marcanos, Samis , Maregas. O melhor porto que vi tinha portugueses e portistas. Este nao e o caminho. Esta equipa nao somos nos. Temos k la estar e apoiar mas nao sejamos.ovelhas e tanhamos.consciencia da podridao que o futebol hj em dia.

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  3. O percurso da equipa B nestes 4 anos tem sido bastante positivo, em termos desportivos, sempre asseguraram o essencial que é a permanência.

    Se o Benfica B descer irá notar-se a diferença de qualidade e de rentabilidade dos jogadores entre os que conseguem a manutenção e os que descem.


    Tozé e Sebá foram campeões.

    Têm sido lançados muitos jovens e alguns deles poderão ser boas opções no futuro.

    David Bruno, Leandro, Gonçalo, Ivo Rodrigues, Kayembe e Otávio são opções válidas.

    Quando não se aposta neles é porque preferem contratar outro que acham superior.

    Trazer jovens jogadores brasileiros e de outras nacionalidades são também boas opções: Iturbe desportivamente não rendeu o esperado (na minha opinião, não foi aproveitado) mas o valor de venda foi razoável.

    Ismael deverá ser a melhor solução.

    Herrera, Carlos Eduardo e mais um ou outro evoluiram na equipa B antes de jogar na equipa principal.

    Há sempre situações de circunstância, por exemplo, Chidozie joga na equipa principal porque Lichnovski já tinha saído antes e não se esperava a saída de Maicon.

    Os muitos milhões de Kayembe, Caballero e outros não são muitos milhões, são valores acessíveis e que podem ser rentabilizados.

    Comparar a equipa B com outras, pode ser feito mas é preciso incluir nessa comparação de outros clubes europeus e não só os nacionais.

    Muitas vezes é uma questão de aposta, Ruben Neves foi aposta de Lopetegui sem sequer jogar na equipa B.

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