FC Porto 1 x 0 Ajax

Intermitências esperadas, debilidade física, sectores em desarmonia e, apesar de tudo, o triunfo. A radical mudança de argumento provoca naturais dificuldades de assimilação no reino do dragão. Muita coisa mudou em poucos meses e o início de um ciclo novo, importante, provoca estimáveis dores de crescimento.

Perante um contexto ingrato, um estádio cheio e ávido de conquistas, é justa a análise: a vitória do F.C. Porto sobre o Ajax (1-0) encobre mas não esconde os muitos patamares de evolução que esta equipa de Villas Boas tem, necessariamente, de percorrer.

A amostra não foi boa, mas não envergonha. No banco de suplentes, como na bancada de imprensa, esta partida de apresentação germinou muitas e boas ilações. Deu para encher o bloco de notas.

Hulk, único como ele consegue ser
 
Antes das conclusões, vamos direitinhos ao melhor momento do jogo. O golo, pois claro. Absolutamente incrível a forma como Hulk recuperou uma bola condenada a morrer na linha de fundo. O passe, mortal, encontrou James Rodríguez solto e enamorado com a baliza. Depois dessa insinuação tão bela ao minuto 14, o F.C. Porto não correspondeu aos anseios da apaixonada plateia.
A prosa que se segue tem como base uma forte atenuante: o peso dos trabalhos da pré-época, os músculos cansados, a confiança ainda por encontrar. Levando isso em linha de conta, é claro que a surpresa da aposta em Tomás Costa para a posição-seis não funcionou. O argentino falhou dois passes em zona proibida e comprovou qualidades e defeitos que se lhe conhecem. A equipa cresceu com Fernando.
João Moutinho e Hulk foram os mais influentes na equipa. O primeiro impôs o seu futebol curto, de qualidade, embora ainda não consiga ter uma amplitude de movimentos satisfatória. Mais umas semanas e a coisa compões. Hulk, principalmente no primeiro tempo, foi determinante na forma como perturbou e explorou as fragilidades do Ajax.

A importância de ser João Moutinho
 
Num ritmo baixo, previsível, soporífero, o F.C. Porto mostrou uma nova faceta. Com André Villas Boas a equipa vai ter mais posse de bola, mais paciência na construção ofensiva e outra capacidade criativa no meio-campo. No reinado de Jesualdo Ferreira, os dragões usavam e abusavam nas transições rápidas e no futebol vertical, mais espontâneo e irracional.

Neste novo estilo, Fernando (ou outro pivot defensivo) terá de ser mais hábil com a bola nos pés. À frente dele, Moutinho e Ruben Micael (ou Belluschi) terão mais tempo para fazerem aquilo que mais gostam: usufruir de uma relação consistente com o esférico.

As limitações apresentadas esta tarde, nomeadamente alguma apatia, devem fazer pensar. A época ainda agora começou, mas não há muitas semanas até o primeiro jogo oficial da época. Logo contra o Benfica.

Noutra perspectiva, importa sublinhar as ausências importantes de Beto, Bruno Alves, Fucile, Alvaro Pereira, Raul Meireles e Rolando, além dos lesionados. Há muita matéria-prima, mas ainda pouca absorção dos ideais defendidos por Villas Boas.

FICHA DE JOGO:
Estádio do Dragão, no Porto
Árbitro: Artur Soares Dias

Espectadores: 40.207

F.C. PORTO: Helton (Kieszek, 46); Sapunaru (Miguel Lopes, 46 e depois André Pinto, 86), Maicon (Castro, 90), Sereno (Stepanov, 78) e Emídio Rafael; Tomás Costa (Fernando, 46), Fernando Belluschi (Ruben Micael, 46) e João Moutinho (Souza, 78); Hulk (Ukra, 78), Falcao (Farías, 84) e James Rodríguez (Cristián Rodríguez, 46).

Suplentes não utilizados: Samir Badr e David Addy.

AJAX: Vermeer; Oleguer (Jun Suk, 81), Alderweireld, Vertonghen e Anita; Enoh e Lindgren (Daley Blind, 68); Sarpong (Donald, 81), Eriksen e Emanuelson (Ozbiliz, 87); De Jong.

Suplentes: Verhoeven e Zeegelaar. 

GOLOS: James Rodrígues (13)
Disciplina: Vertonghen (86) 


in MaisFutebol

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10 comentários

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  4. Obrigado pelos teus links Steve.

    De facto, a qualidade é má. Tanto do stream..como do jogo.

    Não estou a gostar. Nada. Este 4-3-3 á Jesualdo tira-me do sério.

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  5. Também reparei nesse "pormenor" desde o inicio do jogo.
    Onde está a pressão constante sobre os adversários?
    Isto ainda está muito ajesualzado.
    Os processos de jogo têm pequenos pormenores de diferença mas o geral do "fio" de jogo é o mesmo das épocas anteriores.
    Espero que até ao inicio dos jogos a sério a coisa muda mais e para melhor.
    Fui.

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  6. Só consegui ver a 2ª parte, mas percebe-se que há ali algumas ideias, quanto mais não seja porque o Fernando fez 2 remates à baliza, o que é o dobro daquilo que fez em 3 épocas :)

    A ideia parece ser um Barcelona à portuguesa, a questão é saber se um Micael/Moutinho é a mesma coisa que um Xavi/Iniesta, enfim... muito, muito trabalho pela frente e dia 7 de Agosto aí à porta.

    O Hulk é que parece estar numa grande forma!

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  7. Pois, Pacheco! Agora é que disseste tudo! A ideia parece ser essa..mas eu não coloco a questão que tu colocas, porque Xavi e Iniesta simplesmente só existe 1, neste caso 2 :)

    Já todos sabem que sou um acérrimo defensor do 4-4-2, olhando para o plantel actual do FC Porto. Já o ano passado achei a mesma coisa..é que se repararem, qual é a única equipa grande da Europa que joga em 4-3-3 e tem sucesso?

    Resposta: BARCELONA. Acho que nem é preciso dizer mais nada.

    Não sei, vamos ver. A Supertaça aproxima-se..mas que estou preocupado, lá isso estou.

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  8. Onde está a pressão alta e constante?O stream realmente não devia estar a funcionar muito bem pq se há que coisa que esta equipa tem já de positivo é isso mesmo.Conseguiram mesmo recuperar bolas junto à área do Ajax.

    Não vou dizer que gostei,mas também não me vou esquecer que o Ajax não é o Groningene e que está em preparação há mais tempo que o Porto.
    Assim como é preciso relembrar que o Porto é uma equipa em construção,que está a tentar esquecer hábitos e rotinas de quatro ano.Metam isso na cabeça.
    Para além disso,há que gerir o desgaste físico e a ausência dos mundialistas.

    Continuo a achar que vocês têm é trauma com o 4-3-3...enfim

    Não jogamos nada de especial é certo,mas é preciso ter calma e paciência,Roma não se fez num dia.
    Esta semana vai ser decisiva e muito importante para a definição do plantel,o tempo não pára para nós melhorarmos mas quero acreditar que estamos num bom caminho.Calma.

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  9. Achei o jogo do Porto simplesmente medíocre e ainda bem que não tive que pagar o bilhete(oferta de um amigo), para ver o jogo. Uma má exibição e, pior ainda, não consegui descortinar qualquer fio de jogo nem situações de ataque que revelassem processos de construção adquiridos, para chegar ao golo. Depois do estágio na Alemanha, esperava francamente mais, pelo menos, algumas ideias já consolidadas e uma exibição mais colorida para se apresentarem decentemente aos adeptos em Portugal. Foi mesmo muito fraco e parece que a razão de não haver transmissões televisivas parece ser mesmo para não nos preocuparmos demasiadamente nem estabelecer comparações com o adversário mais directo, o Benfica.
    No entanto, já começa a ser tempo de André Villas-Boas justificar a sua contratação...

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  10. Obrigado João por não me obrigares a escrever eu esse texto/comentário.

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