Deixo aqui uma excelente reflexão sobre o Futebol e a Sociedade do nosso país, um dia após as comemorações do 25 de Abril, não podia ser mais oportuno.
O texto é do BiBó Porto, carago!! 
segunda-feira, 26 de Abril de 2010 
O Clube da democracia
Ontem, comemorou-se o dia em que Portugal deixou de estar amarrado ao 
pensamento único, em que aqueles que pensavam de modo diferente dos “senhores
 do poder”, eram mandados prender ou então impedidos de expressar 
com liberdade o seu modo de pensar.
Como em todas as ditaduras, a
 instrumentalização de clubes de futebol para proveitos políticos e como
 modo de distrair o “Zé-povinho” analfabeto e pobre, era um “modus
 operandi” muito habitual dos “senhores do poder”. 
Jogadores de futebol eram considerados “património nacional”, 
impedindo assim transferências para o estrangeiro, e os desígnios 
estavam bem definidos: Futebol, Fátima e Fado. Os portugueses queriam-se
 católicos, devotos de futebol e amantes de fado.
Durante os anos
 de ditadura, dois clubes dividiam alegre e tranquilamente o domínio 
nacional, repartindo entre si títulos nacionais, bem como as honras de 
maiores clubes nacionais: Benfica e Sporting dominaram a seu bel-prazer 
as primeiras décadas de futebol em Portugal. Até no futebol, o 
centralismo excessivo de Lisboa se verificava. Portugal era “apenas”
 Lisboa, sendo que o resto do país era considerado um mero e 
insignificante conjunto de regiões provincianas sem qualquer interesse.
Por
 essa altura, o FC Porto não passava de um clube de pequena dimensão, 
que de quando em vez lá fazia a “gracinha” de vencer um 
campeonato ou uma Taça de Portugal. Para quem duvida de todo este 
cenário que acabei de descrever, basta ler a FANTÁSTICA obra literária 
de seu nome “Calabote”. Nesta obra histórica e que recorre 
brilhantemente a factos concretos e bem comprovados, não se utiliza a 
opinião pessoal amarrada a cores clubistas. São descritos factos, que 
depois podem ser interpretados à luz da inteligência de cada um. Quem 
pensa que hoje em dia existe muito tráfico de influências e atitudes 
corruptas, então deve considerar que no antigamente, o futebol era um 
circo em que tudo valia e em que a vergonha não tinha o mínimo limite. 
Era tudo feito à descarada, porque na altura não haviam os meios de 
comunicação e investigação que hoje em dia existe. Uma obra sem dúvida 
nenhuma a ler e reler, para que se perceba a história do futebol 
português.
Até 1974, Benfica e Sporting juntos, somavam 34 
títulos nacionais, sendo que o FC Porto apenas contava com míseros 5 
títulos de campeão nacional. Percentualmente, até 1974, o FC Porto 
detinha 13% do total de campeonatos disputados, enquanto o Benfica 
detinha mais de metade dos campeonatos disputados.
Depois, veio o 25 de Abril e, com todos os seus defeitos e virtudes 
inerentes, veio também a liberdade de expressão, o pensamento livre e a 
democratização de vários sectores da sociedade, até então fechados sobre
 si próprios. No futebol, a revolução chegou de uma forma tão 
surpreendente quanto abrupta. Dois nomes emergiram no futebol nacional 
através da sua visão, competência e acima de tudo, CORAGEM para lutar 
contra os podres interesses instalados: são eles, o maior presidente que
 um clube nacional jamais conheceu: Jorge Nuno Pinto da Costa; e um dos 
grandes técnicos portugueses, um nome ímpar: José Maria Pedroto!
Com
 base na mestria, visão e inteligência destes dois nomes, emergiu um 
grande clube nacional e internacional, temido e invejado em Portugal, 
respeitado e reconhecido na Europa e no Mundo do futebol. Depois de 
1974, as contas são muito fáceis de fazer. O FC Porto (19 títulos)
 sozinho, tem mais títulos nacionais que Benfica (11 títulos) e
 Sporting (4 títulos) juntos. O domínio progressivo e esmagador
 em termos nacionais, originou também uma força em termos europeus nunca
 antes vista para um clube português: como amostra, temos o inesquecível
 título europeu em Viena frente ao poderoso Bayern Munique e uma vitória
 na Liga dos Campeões dos clubes ricos e milionários do fantástico FC 
Porto de 2004, vencendo poderosos clubes europeus. Além disso, o FC 
Porto foi vencedor da Taça UEFA e duas vezes campeão Intercontinental, 
atingindo também um final da Taça das Taças. Paralelamente a todas estas
 vitórias, houve uma indústria que obteve um crescimento extraordinário:
 a venda de comprimidos para azia!
A conclusão é muito simples: 
num país democrático e livre, o FC Porto tem sido muito melhor que todos
 os outros. Tem imposto vergonhas atrás de vergonhas aos seus 
adversários mais directos e tem sido atacado de todos os modos e feitios
 porque faz confusão a muita gente a grandeza do FC Porto. Em suma, o FC
 Porto é o clube que mais venceu em democracia, sendo legítimo dizer-se 
que somos mesmo o clube da democracia! Outros foram o clube do regime… "
" Como em todas as ditaduras, a instrumentalização de clubes de futebol para proveitos políticos e como modo de distrair o “Zé-povinho” analfabeto e pobre"
Sinto vergonha em dizer isto, mas este parágrafo ainda se mantém actual.
O sonho dos políticos era que houvesse todos os anos um Mundial, um Europeu e que o benfica fosse campeão. Assim roubavam(roubam) mais e mais à vontade.

 
 
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