[Pré-Época] Deportivo Anzoátegui 2 x FC Porto 4

Uma defesa desconcentrada e descordenada e um ataque criativo, rápido e eficaz resumem os 90 minutos de futebol que ontem pudemos assistir no Estádio José Antonio Anzoátegui.



Numa primeira parte atípica em que ambas as equipas revelaram várias debilidades defensivas sendo concedidos vários espaços entre as duplas de centrais e os meios campos, o Anzoátegui levou a melhor, fruto de uma desconcentração da defensiva azul e branca em que o Mangala concedeu demasiado espaço e não conseguiu levar a melhor perante o avançado da formação Venezuelana. A falta de um trinco mais posicional permitiu que durante toda a primeira parte a equipa adversária encontrasse espaço para o remate de meia distância, sendo que esta foi conseguindo ao longo da primeira parte algumas boas oportunidades de golo sem no entanto ter conseguido faturar. Para além das desconcentrações da dupla de centrais também Fucile apareceu apagado não tendo capacidade de apoiar Varela nas movimentações ofensivas e perdendo ainda alguns duelos no um para um. No capítulo defensivo, Alex Sandro foi a excepção à regra, um jogador que nesta altura da pré temporada dá a sensação de não ter feito qualquer interrupção para descansar desde o jogo com o Paços de Ferreira que selou o Tri Campenaonato.

No ataque foi à esquerda, e com um Iturbe surpreendentemente esclarecido, que o FC Porto demonstrou uma vivacidade muito acima da média da temporada passada. Apesar de se apresentar como uma equipa que gosta de ter a bola, este Porto parece agora uma equipa com maior capacidade de explosão e com mais recursos para chegar à área adversária. Ao contrário dos primeiros jogos em que o afunilamento dos extremos era notório, sendo a procura do espaço interior uma constante, frente à formação Venezuelana estes movimentos (apesar de continuarem presentes) foram acompanhados de uma maior largura de jogo. 

Carlos Eduardo, o "10" de serviço durante a primeira parte do encontro, apareceu demasiado distanciado dos restantes jogadores do trio do meio-campo, o que possivelmente esteve na origem na dificuldade da formação portista em manter a posse de bola no último terço do terreno. Foi na mexida desta pedra basilar que na segunda parte o futebol apresentado se transfigurou com a entrada de Lucho. Com um futebol mais esclarecido e com um elemento mais próximo dos restantes membros do meio-campo aumentou a facilidade na troca de bola e o meio-campo passou a ter capacidade de se aproximar ora da defesa ora do ataque graças a uma maior mobilidade e solidariedade de Lucho. A juntar à festa, Defour fez uma segunda parte em grande nível, presente em todo o lado e com uma entrega surpreendente se tivermos em conta as condicionantes fisiológicas do jogador que é asmático e enfrenta, por estes dias, condições climáticas adversas.

Juntamente com Lucho, entraram Danilo e Jackson, um trio que revolucionou o futebol da equipa que ganhou uma maior estabilidade e equilíbrio, excepção feita a um passe de Fernando que entregou a bola a um jogador adversário mesmo em frente à grande área e ao segundo golo dos Venezuelanos na sequência de uma bola parada e que apesar de tudo surgiu de um remate em que o jogador adversário provavelmente nem viu para onde estava a rematar.

O resto da história do jogo conta-se à imagem de uma equipa muito esclarecida no processo ofensivo, que marcou quatro golos e poderia ter marcado mais uns dois ou três, um Iturbe explosivo que realizou uma mão cheia de cruzamentos que levavam selo de golo, um Danilo a fazer um dos seus melhores jogos em muito tempo e um Herrera com lampejos de classe e que aparenta ser um jogador mais físico e combativo que João Moutinho. A equipa manteve este registo durante sensivelmente os primeiros trinta minutos da segunda parte sendo que o último quarto de hora se jogou a um ritmo mais lento, fruto do cansaço acumulado do muito trabalho realizado nas últimas semanas, de um relvado com claras semelhanças àquela carpete ratada que ficou guardada no sotão durante as últimas décadas, e do efeito inevitável do Jet Lag sofrido aquando destas viagens intercontinentais.

Saudações desPortistas.

 photo anuncio.jpg

 photo anuncio.jpg

1 comentários

  1. Interessante a tua análise.

    O que tens achado do Fucile? Devo confessar que estava à espera de um jogador sem ritmo, errático e com maus hábitos trazidos do futebol brasileiro mas o uruguaio tem-me surpreendido! Se neste jogo ainda falhou em algumas situações defensivas, achei-o muito solidário com a equipa e sempre disponível para dobrar o central ou o médio mais próximo e sempre a oferecer linhas de passe no ataque. Ainda não está no ponto ideal mas se continuar assim temos aqui uma excelente opção para qualquer uma das laterais!

    ResponderExcluir