Como aparentemente, não há duas sem três, e no caso da Taça da Liga nem há sete sem oito, o Porto voltou a esbarrar na Madeira e a perder a oportunidade de vencer uma competição que vai fugindo desde a data da sua criação. Especule-se se existe ou não uma real vontade de a vencer, a verdade é que na última quinta-feira e aquando da entrada para a última meia-hora do encontro, quando já nos encontrávamos em desvantagem, Lopetegui recorreu a Tello, Brahimi e Gonçalo Paciência para tentar dar a volta ao resultado, mesmo que tais mudanças se traduzissem em pouco mais do que um aumento na quantidade de jogadores presentes no último terço do terreno de jogo. Não deixando de existir, apesar da tentativa clara de vencer o jogo, uma ligeira gestão de esforço, a intenção nunca seria sair derrotado de mais um jogo diante de uma equipa que nos tem como um dos grandes rivais, tendo em conta que tal resultado nos afasta de mais uma competição, tornando-se assim cada vez mais real a possibilidade do Porto não conquistar qualquer troféu nesta temporada (frisando que vencer a Taça da Liga apenas contaria como a conquista de um título no plano meramente estatístico).
Curiosamente, este jogo pode ser resumido numa leitura semelhante ao último jogo que a equipa disputou na Madeira, frente ao Nacional há um par de semanas. Com um onze relativamente remodelado - mas do agrado da grande maioria dos portistas -, como seria de esperar se tivermos em conta a competição na qual o jogo estava inserido e o facto de muitos jogadores habitualmente utilizados terem regressado há muito pouco tempo dos compromissos com as suas selecções nacionais, a equipa sentiu desde cedo uma intensa pressão por parte do Marítimo, que conseguiu criar perigo no primeiro minuto do encontro, perante uma passividade de quem definitivamente não esperava tal começo. No entanto com a estabilização da partida veio também a definição daquela que seria a estratégia do Porto. Acreditando ou não na referida gestão de esforço, percebeu-se desde cedo que o meio-campo portista seria engolido face à dinâmica de jogadores como Danilo e Bruno Gallo,
(marcação cerrada não permitia ao Porto explorar jogo interior) |
Após um período de jogo mais anárquico, a equipa começou a procurar uma maior saída pelo centro do terreno, mas as dificuldades causadas pelo meio-campo dos insulares eram perfeitamente óbvias. Óliver era obrigado de forma constante a baixar no terreno, criando assim uma linha de dois com
(Óliver era constatemente obrigado a recuar para apoiar Casemiro) |
(fraca pressão de Aboubakar permitia que o Marítimo saísse com facilidade) |
O problema estava efectivamente em conseguir atacar com qualidade, e para isso existiram vários factores de ordem técnica e táctica que tornaram a nossa tarefa bem mais complicada que o habitual. Casemiro aparecia com instruções claras de não subir tanto quanto habitual no terreno e Evandro mostrava-se sempre alheado do jogo da equipa, tendo sido difícil de o ver em campo durante toda a primeira parte, se excluirmos o pontapé que nos colocou em vantagem. Se tal não bastasse, a dificuldade de Aboubakar em ligar jogo com muitos passes falhados impedia a equipa de criar desequilíbrios claros (fazendo aqui a ressalva que Aboubakar é um jogador que pensa bem o jogo, mas que com o seu estilo mais atabalhoado tem sempre imensas dificuldades quando o terreno de jogo está em mau estado, falhando recepções básicas e passes que podiam levar muito perigo à baliza adversária), que apenas se mostrou competente pelo flanco esquerdo, com José Ángel a aparecer de forma muito positiva com dois cruzamentos de grande nível que parecem mostrar que o espanhol de facto possui atributos suficientes para ser titular no Porto quando Alex Sandro abandonar o clube.
A equipa percebeu que precisava de executar uma pressão mais intensa para poder fechar o cerco ao Marítimo e alcançar o golo ainda antes do intervalo, que foi exactamente aquilo que fez. Uma maior pressão no início da construção adversária, algo que é habitual nos jogos no Dragão, fazendo com
(início de uma pressão mais intensa que obriga ao erro do Marítimo) |
(falta de apoio no flanco direito deixou Ricardo demasiado exposto) |
A entrada na segunda parte acabou por não demonstrar uma resposta por parte de quem via mais uma competição a fugir-lhe das mãos. O Marítimo voltou a mandar no jogo e a qualidade de jogo do Porto mantinha-se idêntica à do primeiro tempo, algo que agradava ainda menos visto que entramos para os últimos 45' a perder. Apenas por Óliver a equipa conseguia respirar algum tipo de brilhantismo, mas tal não era suficiente até porque os três da frente apresentavam muitas dificuldades em ligar o seu futebol. As entradas de Brahimi e Tello nada mais do que individualidades trouxeram à equipa, que continuava a desperdiçar lances de ataque antes mesmo dos mesmos se tornarem perigosos, permitindo que o adversário gerisse de forma minimamente tranquila a vantagem. Quaresma chegou
(Quaresma pelo centro, libertando Ricardo e tentando corrigir erros de Evandro) |
E realmente não é possível pôr em palavras muito mais daquilo que foi a segunda parte. Péssimo futebol, uma pressão ainda mais eficiente por parte do Marítimo, passes longos com uma taxa de aproveitamento próxima do zero e demasiadas falhas técnicas para podermos aspirar a algo mais que a derrota. Num jogo em que o adversário não foi em nada mais perigoso que nós, a forma como souberam controlar os tempos de jogo depois de estarem a vencer torna este resultado relativamente justo, sobretudo devido à incapacidade e displicência que demonstramos durante grande parte do jogo, que nunca nos permitiu incomodar Salin.
E como batemos três vezes na Madeira, resta esperar que não tenhamos (mais) azar no futuro.
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