Sobre o "jornalismo" futebolístico

"O jornalismo é uma catapulta imensa, posta em movimento por ódios mesquinhos."
A frase é atribuída Honoré de Balzac e não poderia espelhar melhor o que se passa com o "jornalismo" futebolístico (porque desportivo é outra coisa) em Portugal.

As regras são diferentes para as redações dos auto-proclamados "jornais" desportivos. Não obstante as capas e headlines, o próprio conteúdo não separa informação da opinião de quem é por ele responsável e não põe em prática valores de imparcialidade e exposição realística dos factos que deviam ser inerentes a qualquer pessoa que deseja intitular-se jornalista.

Sem pejo, os orgãos de comunicação social futebolística em Portugal procuram incessantemente a incitação da violência. Como cães que não comem há semanas, dão tudo pela próxima declaração inflamada de um dirigente ou pelo próximo acontecimento que mesmo ao de leve os permita criar o caos nas suas capas repletas de ironia e mensagens subliminares.

A opinião pessoal toma a forma de informação, o impulso clubístico tolda a razão e o incentivo do valor comercial da edição diária são o combustível que alimenta a fome por sangue dos editores e escritores nas publicações futebolísticas em Portugal. Não há seriedade, não há imparcialidade e sobretudo não há vergonha.

O alvo, esse costuma ser sempre o mesmo.

Na edição de ontem da publicação Record, o foco da actualidade desportiva em Portugal não foi posta em quem se isolou ainda mais na liderança. Não. Em vez de elogiar a superioridade mostrada em campo pelo tricampeão nacional frente ao sétimo classificado da época passada, a redação decidiu destacar o facto do Benfica ter alcançado o Sporting no segundo lugar. Que nós, portistas, sabemos que eles querem voltar aos tempos em que disputavam acerrimamente o segundo lugar, isso já não é novidade. Que o Record também já se esteja a preparar para isso é que para mim é novidade.

Mas como se não bastasse, e como a verdade é algo que não assiste ao Record, decidiu fazer referência na capa ao facto de "adeptos leoninos terem sido recebidos à pedrada".

Vamos lá ver se eu percebo como se processa o pensamento jornalístico no Record. Factos: durante o mês que antecedeu o clássico, o presidente do sétimo classificado da época passada usou todos os momentos mediáticos de que dispôs para, entre atestados de senilidade ao próprio pai, insultar, incendiar, apelar a ambientes hostis, etc.. Se calhar não alheios a esse ambiente criado, um grupo organizado de adeptos do Sporting invadiu a Alameda do Dragão distribuindo insultos, provocações e agressões a todos os adeptos do Porto que por serem surpreendidos não conseguiram fugir. O facto de atingirem o fim da linha, leia-se gradeamento de protecção montado pela PSP, não os impediu de continuar na senda que os tinha ali levado. Perante a passividade da PSP, os adeptos do FCP retribuíram na mesma moeda, defendendo-se e mostrando que quem dá, habilita-se a levar. 

Capa do Record? Adeptos do Sporting agredidos à chegada.

Mas como se já não fosse vergonhosa esta procura por publicar inverdades, eis que o Record de João Querido Manha decide hoje continuar a desviar as atenções da coça que foi dada dentro de campo para os infelizes incidentes que ocorreram cá fora antes do jogo.


É isto que temos em Portugal. Depois continuem a perguntar-se donde vem a violência nos estádios.

Como Eça de Queiroz escreveu (referindo-se ao jornal em geral), o "jornalismo" futebolístico em Portugal
"É não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia."

PS - A ERC é realmente de grande utilidade. 

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3 comentários

  1. Vergonha mesmo é apelidar isto de jornalismo. Isto não é jornalismo, eu não aprendi destas coisas. Isto é gente mesquinha e triste que alimenta os seus ódios pessoais através de publicações diárias.

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    1. Isto não é jornalismo. É prostituição, daquela manhosa, de esquina, intelectual, protagonizada por indivíduos que têm a coluna vertebral mais torcida que o intestino do Bruno de Carvalho

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    2. No mínimo surreal a forma como este ano o Record jornada após jornada consegue bater cada vez mais fundo. Já que temos a Benfica TV e a Benfica TV 2 porque não mudar o nome do Record para A Mistica 2?

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