E tudo Tello marcou



Como fotocópia do que havia acontecido há cerca de uma semana, quando o Futebol Clube do Porto nos presentiou com uma demonstração cabal da superioridade em relação ao Sporting, esta última sexta-feira voltou a provar que a equipa está já claramente acima daquilo a que nos foi habituando durante largos períodos desta mesma temporada. Em Braga, num campo que invariavelmente nos obriga a suar e muito para alcançarmos a vitória, a equipa mostrou exactamente essa capacidade, esse espírito aguerrido e esse sacrifício para arrancar três importantes pontos que mostram com grande claridade que o objectivo do campeonato ainda está bem em aberto para jogadores e equipa técnica, apesar do vaticínio da grande parte dos portistas que acreditavam que dificilmente saíamos desta complicada fase (que começou em Moreira de Cónegos para os mais atentos e na recepção ao Vitória para quem nunca ouviu falar no nome de Miguel Leal) sem perder o número de pontos suficiente que nos deixasse claramente arredados do primeiro lugar. Será difícil esquecer a ida aos Barreiros depois da exibição dos nove guerreiros no mesmo estádio em que na última sexta-feira outros onze demonstraram a mesma atitude, mas parece que o saque do qual fomos alvo em Braga para a Taça da Liga surtiu o efeito desejado. O Porto mostra finalmente um fio de jogo constante e objectivo e parece consensual entre qualquer portista que esta equipa demonstra uma solidez defensiva brilhante e que o receio de sofrer um golo tem vindo a diminuir substancialmente nas últimas semanas. Em Braga, apenas fomos incomodados nos últimos minutos e sobretudo por Pardo que entrou imediatamente a seguir ao golo de Tello e mostrou ter tanto poder de explosão como talento para encenação, tentando por duas vezes ludibriar Jorge Sousa a assinalar grande penalidade. E mesmo apesar da tentativa de assédio bracarense, nunca pareceu plausível que as suas ameaças resultassem em perigo efectivo para a baliza de Fabiano, que voltou a ter uma noite tranquila, mesmo que nem ele conseguisse sentir tal tranquilidade.

A reter
Continua a faltar objectividade a este Porto.



Mostramos uma capacidade tremenda de penetrar a grande área adversária em ataque corrido, seja por intermédio dos extremos ou dos laterais mas invariavelmente mostramos muito pouco sucesso para o que construímos. É uma estratégia claramente delineada, mas exige-se mais discernimento na última decisão por parte do portador da bola, um pouco à imagem do lance de Tello no primeiro golo do Porto no Estádio do Bessa. A chave para desbloquear jogos em que o comportamento do adversário se cinge ao de uma equipa que precisa de um último ponto para alcançar a manutenção, vulgo visitado no jogo da passada sexta-feira, pode estar no aumento da taxa de sucesso neste tipo de lances, e para isso a chegada à área do médio de apoio ao ataque, no caso específico Herrera será determinante.


A lesão de Jackson. Nada de bom advém da lesão do melhor jogador do campeonato. Qualidade estonteante, um domador de defesas e inclusive um dos nossos melhores médios. Dificilmente podemos pedir a Aboubakar que recrie o estilo de jogo do colombiano, mas caso no passado uma hipotética ausência de Jackson tenha sido devidamente preparada podemos agora e no que restar do tempo de recuperação do mesmo tirar bons dividendos de um jogador que traz outro tipo de atributos que podem beneficiar o Porto em algumas fases do encontro. Sendo um jogador extremamente rápido e ágil com uma finalização por norma certeira, a expectativa de que consiga fazer esquecer a eficácia de Jackson é um dado adquirido. Perdemos em tudo o resto, mas com Tello e Brahimi nas alas ganhamos mais uma seta e possivelmente uma das poucas referências (a par de Casemiro) a nível da meia distância. Mostrou alguma confusão no seu papel no acompanhamento a Tello nas saídas em ataque rápido, algo que terá que ser revisto o mais depressa possível.

O regresso do menino de ouro. A melhor notícia em relação à lesão de Jackson - como comparação meramente temporal - é o regresso de Óliver Torres. Depois do que pairou na cabeça de todos os portistas aquando do pique de Jackson no AXA, poder voltar a contar com um dos melhores jogadores deste plantel é uma notícia no mínimo reconfortante. Em nada mudo o discurso relativamente à minha anterior crónica, e a crença em Evandro e no papel que este pode ter a partir da próxima temporada continua inabalável, mas neste momento há uma diferença de perfume e rotação que penderão sempre a favor de Óliver, até pela evolução constante que foi demonstrando ao longo da temporada.

Notas positivas
Destaco claramente a continuação dos focos mais positivos do jogo diante do Sporting para este jogo em Braga. A coesão defensiva que tem no seu expoente máximo Marcano, a capacidade de desarme, antecipação e garra de Casemiro (será eventualmente ainda despropositado, mas creio que já não existirá assim tanta gente que se ofenderá com uma comparação ao seu antecessor naquela posição), a estabilidade que Rúben Neves dá ao meio-campo do Porto sempre que entra para ajudar a segurar uma vantagem e o assumir de jogo por parte de Tello. Não sei se será justo considerá-lo como melhor em campo mas foi de longe o mais influente. Começa a gostar de aparecer, que era uma das maiores críticas que lhe apontava, e só isso parece bastar para ser neste momento o jogador mais decisivo de todo o plantel portista. Um punhado de lances perigosos que culminam com uma excelente finalização na cara de um guarda-redes com propensão para levar a melhor em relação aos avançados naquele tipo de lances. Tello ao volante... perigo constante!

Notas negativas
Retiro do jogo de sexta-feira a incapacidade que Fabiano continua a demonstrar em lances que deveriam não figurar nos resumos de jogo, devido ao grau de facilidade que estes apresentam para um guarda-redes de equipa grande. São erros que já lhe eram apontados antes mesmo de vir para o Porto e parece que nunca os conseguiu corrigir. É um elemento que numa equipa que é incomodada pouco mais do que uma vez por jogo em 95% das partidas que realiza precisa de dizer "presente" de uma forma inequívoca, pois se não o fizer é provável que já tenhamos sofrido um golo por essa altura.

A entrada de Quaresma em campo. Ele que tinha sido invariavelmente um dos melhores em campo em todos os jogos do Porto nas últimas semanas mostrou uma displicência táctica gritante que nos podia ter custado um resultado que tanto batalhamos por construir. E custa sobretudo saber que as pequenas quezílias que foi tendo com adeptos do Braga enquanto aquecia contribuíram para tal atitude. Deixamos há muito de procurar esse jogador que quer ser protagonista para mostrar que é melhor, até porque encontramos um Quaresma que raramente víamos desde que voltou ao Porto, jogador objectivo e de sentido colectivo. Curiosamente, esse espírito valeu-lhe diversos reencontros com o seu lado mágico, pelo que tem que continuar a trabalhar nesse sentido. Tem feito por merecer ser titular, mas Lopetegui já demonstrou que não conta com jogadores que se ponham à frente da equipa e Brahimi aproxima-se muito mais daquilo que o mister procura para as alas.

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